O Ministério Público do Ceará (MPCE) denunciou Francisco Henrique da Costa Leite por ordenar que estabelecimentos comerciais da Praia de Iracema, em Fortaleza, fechassem as portas devido "às ordens do tráfico". Segundo a denúncia, Francisco ainda teria ameaçado os policiais militares que o prenderam.
O órgão pede que o acusado permaneça preso, alegando que ele já tinha antecedentes criminais e que o crime praticado "demonstra sua alta periculosidade social em concreto". A reportagem não localizou a defesa do denunciado.
Francisco chegou a confirmar já na delegacia que ameaçou os comerciantes, "tendo afirmado que estava apenas repassando ameaças de organização criminosa da qual não diz não fazer parte".
O MP resolveu não denunciá-lo por organização criminosa e disse acreditar ser mais prudente neste momento "que se prossiga a investigação, a fim de identificar o grau de vínculo do denunciado com a organização criminosa Comando Vermelho (CV), sua eventual posição no grupo criminoso e a identidade de seus comparsas que também participaram do fechamento do comércio comprovado nestes autos".
"Após ser detido, o denunciado ameaçou policiais militares, afirmando que eles "iriam ver o que iria acontecer" e repetindo os nomes dos policiais que efetuaram a prisão em tom ameaçador, em clara atitude de intimidação aos agentes. Ao praticar mais essa conduta, o denunciado também praticou o crime de coação no curso do processo"
CÂMERAS FLAGRARAM A AÇÃO CRIMINOSA
Câmeras de monitoramento da Avenida Beira-Mar, na Praia de Iracema, captaram imagens de dois suspeitos, utilizando uma bicicleta e um patinete, percorrendo o calçadão e parando em vários quiosques para dar as supostas ordens da facção, além de conversarem com outras pessoas, no dia 23 de agosto de 2024.
As ameaças se espalharam entre empresários e o funcionamento do comércio no fim de semana seguinte foi comprometido.
No dia seguinte, Francisco foi preso. Ele foi levado para o 2º Distrito Policial, na Aldeota, passou por audiência de custódia e teve a prisão em flagrante convertida para preventiva.
"Os vídeos juntados pela autoridade policial demonstram que o denunciado intimidou pessoalmente pelo menos três comerciantes, de forma sucessiva", de acordo com o MP.
"O denunciado praticou pelo menos três crimes de constrangimento ilegal majorado, cometido por mais de três pessoas em unidade de desígnios, contra vítimas diferentes e em horários diferentes, tratando-se de concurso material de crimes"
Ainda na audiência de custódia, o juiz destacou que "é de se observar que o autuado (tem) recente antecedente criminal por delito de lesão corporal em contexto de violência familiar-doméstica contra mulher, circunstância esta que, somado aos fatos objeto deste procedimento, indica que o mesmo está inserido em vida de criminalidade e vivem da prática reiterada de condutas criminosas".