Esposa de 'Alemão', líder do furto ao Banco Central, pede R$ 2 milhões à Netflix em processo

Em processo obtido pelo Diário do Nordeste, Rosângela Pontes diz não ter autorizado a veiculação de sua imagem na série que retrata o crime

Rosângela Oliveira Pontes, esposa de Antônio Jussivan Alves dos Santos, mais conhecido como "Alemão", do furto ao Banco Central, trava uma disputa judicial com a Netflix. Ela requer uma indenização de R$ 2 milhões por danos morais e materiais, após ter sua imagem veiculada na série documental “3 Tonelada$: Assalto ao Banco Central", que trata da investigação em torno do crime. 

Após a 31ª Vara Cível da Comarca de Fortaleza julgar a ação como improcedente, no último dia 24 de maio,  a defesa dela irá recorrer da decisão. O requerimento pede ainda a suspensão da veiculação da minissérie, sob pena de multa diária inicial de R$ 50 mil.

No 2º episódio da produção, intitulado “A Caçada”, há registros de arquivo que mostram o momento em que os investigadores chegam até o local em que Alemão estava morando em Brasília, no Distrito Federal. Rosângela estava na casa e foi filmada em um momento de tensão, quando chega a chorar ao ver o companheiro algemado. “Esquenta não, a casa caiu. Sem problemas”, diz Jussivan. Ela também foi presa na ação. (Saiba mais a seguir)

No processo que o Diário do Nordeste teve acesso, a defesa de Rosângela destaca que a autora da ação judicial, iniciada em maio de 2023, não autorizou a veiculação de sua imagem, “muito menos foi informada de que estaria participando de uma série a qual seria veiculada em rede mundial de streaming". 

O advogado de Rosângela, Anderson Amâncio, aponta ainda que, após a série, a esposa do criminoso tem passado por “situações vexatórias, constrangedoras e humilhantes", o que estaria a impedindo de sair de casa.

“Não consegue sequer fazer compras básicas em um supermercado, pois sempre é reconhecida, ficando com medo das consequências de sua aparição e dos julgamentos”, traz o documento do caso.

A reportagem acionou a Netflix sobre o caso, mas não recebeu retorno até a publicação desta matéria. Em caso de resposta, o conteúdo será prontamente atualizado. 

ASSALTO AO BANCO CENTRAL

Liderado por "Alemão", o assalto ao Banco Central, em Fortaleza, aconteceu em agosto de 2005. O crime resultou na subtração de R$ 164 milhões, entre joias e dinheiro.

Rosângela e Alemão foram presos em fevereiro de 2008, no Distrito Federal. Primeiro os policiais federais prenderam Alemão em uma revendedora de pneus e, em seguida, a esposa foi capturada onde o casal estava morando - um sítio de nome 'Rancho Fundo', em um local isolado nas cercanias de Brasília.

A esposa do criminoso foi detida após ter se apresentado com um sobrenome falso, Rosângela Aragão, caracterizando-se o crime de falsa identidade. A equipe da Polícia Federal vasculhou o sítio e, no quarto do casal, encontrou em uma gaveta uma identidade falsa com o nome de Rosângela Aragão Ribeiro, supostamente expedida em Santa Catarina.

Em 2011, Rosângela foi absolvida pela Justiça Federal no Ceará do crime de falsa identidade porque houve contradição entre os policiais federais que prenderam o casal. Já do crime de falsificação de documento público o Judiciário cearense declinou de sua competência em prol da Justiça Estadual de Santa Catarina.

COMO O FURTO MILIONÁRIO APARECE NA NETFLIX

Depois de 17 anos do crime, a história repleta de reviravoltas chegou ao catálogo da Netflix em março de 2022. Com direção de Daniel Billio, a série “3 Tonelada$: Assalto ao Banco Central" revisitou as minúcias do caso e entregou fatos inéditos envolvendo o cinematográfico furto. 

A inspiração para o nome da série veio das quase 3,5 toneladas de dinheiro vivo levadas do cofre do BC. A produção da Netflix investiu no formato do thriller policial e resgatou, em três episódios de 50 minutos cada, os detalhes da ação que parou o País.