De 'vingança' à bala perdida: outros 9 crimes violentos aconteceram em escolas no Ceará desde 2011

Um dos casos, ocorrido no ano de 2011, chama a atenção pela similaridade do crime que aconteceu nessa quarta-feira (5), em Sobral

O ataque dentro de uma escola em Sobral, nessa quarta-feira (5), não foi o primeiro crime violento cometido em uma instituição de ensino no Ceará, contra alunos. Desde 2011 foram registrados, pelo menos, outros nove casos no Estado.

Ocorrências com características de vingança, execução e até mesmo bala perdida, compõem o histórico levantado pelo Diário do Nordeste, a partir de reportagens publicadas pelo jornal, em pouco mais de uma década.

Um dos casos, registrado no ano de 2011, chama a atenção pela similaridade com o ataque que aconteceu na Escola de Ensino Médio de Tempo Integral Professora Carmosina Ferreira Gomes, com três alunos feridos. Há 11 anos, o bullying já surgia como motivo para atos violentos entre adolescentes, resultando em tragédias.

IRMÃS GÊMEAS FERIDAS EM FORTALEZA

Em junho de 2011, o Diário do Nordeste noticiou que uma estudante de 17 anos morreu e a irmã gêmea dela, ficou ferida durante uma briga dentro da sala de aula do Centro Integrado de Educação e Saúde (Cies) Professora Terezinha Parente, bairro Curió, em Messejana.

As duas irmãs estavam dentro da sala de aula quando foram abordadas. Conforme os PMs, uma discussão teve início e a jovem Itamara Monteiro de Oliveira foi atingida por uma facada no peito esquerdo. A irmã tentou ajudar e também foi ferida na cabeça.

O crime teria sido motivado por insultos trocados entre as garotas. “Uma chamava a outra de lésbica e o caso foi se agravando até que ontem, armada com uma faca de cozinha, uma das adolescentes praticou o crime”, contou um PM que participou da ocorrência na época. A adolescente suspeita da ação foi detida e uma faca apreendida.

Na época, o pai das adolescentes cobrou uma fiscalização maior nas escolas: “Como é que uma pessoa entra na sala de aula armada?''. Ninguém vai para a escola levando uma faca se não for para fazer alguma coisa ruim”, afirmou o pai das vítimas, Luiz Gonzaga Viana de Oliveira.

PERÍODOS VIOLENTOS

As pesquisas indicaram que 2011 e 2018 foram os anos com mais violência em instituições de ensino no Ceará. Só em 2011, cinco ocorrências foram registradas, principalmente na capital cearense. Em 2018, os casos voltaram a estampar manchetes dos jornais. Depois disso, um registro em 2020. 

VEJA AS OCORRÊNCIAS:

Março de 2011

No dia 28 de março, Thiago Freitas de Menezes, 19, foi assassinado, a tiro, dentro do Colégio Polivalente, no Conjunto Prefeito José Walter. Segundo apurou a Polícia, ele foi vítima de um crime premeditado. Quando recebeu o primeiro tiro, correu para dentro da escola, onde acabou sendo fuzilado. Dias depois,o assassino apresentou-se à Polícia e alegou que era ameaçado por Thiago.

Abril de 2011

Um jovem foi morto no dia 4 de abril de 2011, dentro da Escola de Ensino Fundamental e Médio Eunice Weaver, na localidade de Pau Serrado, no Município de Maranguape (RMF). O aluno da Instituição foi assassinado dentro de uma sala de aula.


Maio de 2011

O pátio da Escola de Ensino Fundamental e Médio Joaquim Alves, no bairro Pan-Americano, transformou-se em palco da violência armada. Um dos alunos do turno acabou sendo morto com vários tiros de pistola. A vítima era o jovem Alessandro Rosa da Silva, 23. Conforme apurou a Polícia, o crime foi praticado por outro jovem, identificado como José Williame, que terminou sendo capturado numa rua próxima do colégio. 


Junho de 2011

Na tarde de 4 de junho, um adolescente acabou sendo morto no interior da Escola de Ensino Fundamental Santo Amaro, Rua Nova Conquista, no bairro Bom Jardim.  A vítima foi identificada como sendo o estudante Ivambergue Araújo da Silva, 16. Apesar de não ser aluno daquela unidade de ensino, o garoto participava de uma atividade esportiva denominada ‘Escola Aberta’. Conforme os primeiros levantamentos feitos por policiais militares do Ronda do Quarteirão, o adolescente se divertia com alguns amigos na quadra da escola quando, de repente, o local foi invadido por dois homens que chegaram ali em uma moto modelo Titan. Em seguida, tentaram fugir, mas acabaram capturados pela PM ainda no mesmo bairro onde está situada a escola. 


Junho de 2011

O caso das duas gêmeas feridas. Um grande tumulto se formou na escola e as duas vítimas foram levadas para o Hospital  Distrital Edmilson Barros de Oliveira, o ‘Frotinha de Messejana’, mas Itamara já chegou morta. A irmã recebeu atendimento médico e foi liberada cerca de uma hora depois.


Fevereiro de 2018

Uma adolescente de 15 anos, identificada como Regiliana Oliveira, foi morta por uma bala perdida quando chegava à escola particular, onde estudava, no Parque Presidente Vargas. Segundo a Polícia, o alvo da ação seria o pai de outro estudante, que também foi baleado. O homem se escondeu no prédio para evitar a ação criminosa. Foi quando os criminosos efetuaram os disparos. 

 

Abril de 2018

No dia 9 de abril de 2018, um estudante foi morto nas imediações da Escola de Ensino Fundamental e Médio José Sarney, no bairro Araturi, Município de Caucaia.O adolescente foi confundido com o primo, o real alvo dos criminosos; a dupla foi capturada pela Polícia


Maio de 2018

No dia 16 de maio, um adolescente de 15 anos foi assassinado no pátio interno da Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) José Eduardo de Sousa, na cidade de Horizonte, Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). 

Janeiro de 2020

Três adolescentes foram baleados, em Fortaleza. Uma dupla armada invadiu a quadra de uma escola particular, atirou e deixou três adolescentes feridos no Bairro José Walter, em Fortaleza. A ação foi flagrada por câmeras de segurança do Centro Educacional Doris Johnson.


O CASO EM SOBRAL

A arma utilizada por um adolescente no ataque dessa quarta-feira (5), em Sobral, era de um atirador esportivo. A informação foi apurada pelo Diário do Nordeste e confirmada pelo secretário da Segurança Pública do Ceará, Sandro Caron.

Ainda não se sabe como a arma do CAC (colecionador, atirador desportivo e caçador) foi parar na casa do adolescente. Dentre as linhas investigativas, segundo uma fonte da Polícia, sob apuração há que o pai adquirido de forma ilegal o armamento, pagando R$ 8 mil.

O secretário destaca ainda que a Polícia apura se outra pessoa induziu o adolescente a pegar a arma e atirar nos colegas de sala: "essa é função da Polícia Civil, esclarecer bem e rápido todos os elementos que contribuíram para a prática do crime"

Em postagem nas redes sociais, a governadora Izolda Cela afirmou que determinou resposta rápida das forças de segurança, incluindo sobre a origem da arma utilizada no crime. A chefe do executivo estadual disse ainda que a Secretaria de Educação está dando o suporte necessário aos familiares e à comunidade escolar.