Chacina da Sapiranga: 3º suspeito de ordenar o crime foi solto em 2020 ao pagar R$ 250 de fiança

Francisco Wellington Bezerra da Silva Filho, o 'Etim' tem passagens pelos crimes de receptação, tráfico de drogas e roubo. Cinco pessoas morreram na chacina

Os homens identificados como supostos mandantes da Chacina da Sapiranga têm em comum fichas criminais extensas. Dois deles, Raí César da Silva Araújo, o 'Jogador', e  João Ricardo Sousa da Silva, 'Das Facas', foram presos nos últimos dias. No entanto, há um terceiro já identificado na investigação e que permanece foragido: Francisco Wellington Bezerra da Silva Filho, o 'Etim' ou 'Bombado'.

A reportagem apurou que 'Etim' é um nome conhecido pelas autoridades do Ceará. Consta contra ele processos pelos crimes de receptação, tráfico de drogas e roubo. Em 2020, Francisco Wellington chegou a ser preso em Fortaleza sob suspeita de estar envolvido em uma receptação de uma bicicleta, também na Sapiranga.

Devido ao menor potencial ofensivo do delito, Wellington foi solto ao pagar uma fiança de R$ 250. Foi então que voltou às ruas e, agora, para a Polícia Civil do Ceará, há o indicativo que voltou a delinquir. Até a manhã desta sexta-feira (31), uma semana após a chacina que deixou cinco mortos e pelo menos outras seis pessoas feridas, as autoridades permanecem em busca do paradeiro dele.

O QUE MOTIVOU O CRIME

A reportagem do Diário do Nordeste teve acesso a documentos que apontam 'Etim' como membro de uma facção de origem carioca. 'Etim' teria "rasgado a camisa", como os faccionados denominam ato de traição ao grupo, e decidido tomar o território do Campo do Alecrim.

Ao lado de Raí César chegaram ao campo, conhecido também como Campo da Leda, em posse de armamento de grosso calibre, ameaçaram populares e seguraram aqueles que queriam assassinar. O principal alvo da ação era Israel da Silva Andrade, o 'Rael'.

Conforme testemunhas, 'Rael' foi morto porque dominava a região da Sapiranga e precisava ser retirado do caminho por aqueles que estavam prestes a aderir à 'Massa' e formar outro grupo conhecido como 'Tropa da Fronteira', para controlar o tráfico de drogas no território.

PRISÃO REVELADORA

O primeiro mandante a ser detido foi João Ricardo. No celular do suspeito foram encontradas conversas reveladoras entre ele e Raí, o 'Jogador'. A dupla trocou áudios pelo Whatsapp instantes após a série de homicídios indicando saberem dos detalhes do crime e expressando o temor de serem presos.

Dois dias depois, Raí foi localizado no Rio Grande do Norte. O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Ceará (MPCE), intermediou a transferência de Raí César para o Ceará - que foi realizada pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), da Polícia Civil do Ceará. 

Após pedido da Polícia Civil, os promotores de Justiça deram parecer favorável e a Justiça Estadual decretou a prisão temporária de 'Jogador' por 10 dias. Até então, 13 suspeitos de participarem da chacina foram detidos.