Chacina da Sapiranga: MP denuncia 23 pessoas por participarem de massacre na madrugada do Natal

13 acusados permanecem com mandado de prisão em aberto. O Ministério Público destaca que o crime aconteceu em local de recreação comunitária

O Ministério Público do Ceará (MPCE) denunciou 23 pessoas por participarem da Chacina da Sapiranga. Destas, 13 permanecem na condição de foragidas e 10 mantidas em cárcere em unidades prisionais do Ceará. Conforme a acusação, o crime aconteceu devido a uma disputa de território entre grupos criminosos rivais.

O órgão requereu ao Poder Judiciário que a denúncia seja recebida com urgência e, como consequência, os denunciados citados para apresentarem respostas às acusações e o feito prosseguir com possível submissão ao Tribunal do Júri.

Para o MP, os crimes foram praticados por motivo torpe e com dinâmica que dificultou a defesa das vítimas, já que "estas foram surpreendidas por um ataque massivo com uma grande quantidade de executores fortemente armados".

Consta ainda no documento obtido pela reportagem do Diário do Nordeste que os acusados usaram meios que apresentaram perigo comum em área de recreação comunitária, em horário de grande concentração de pessoas.

Cinco pessoas morreram na chacina registrada na madrugada do Natal de 2021, em Fortaleza, e pelo menos outras seis ficaram feridas. As vítimas confraternizavam no Campo do Alecrim, na Sapiranga.

QUEM SÃO OS DENUNCIADOS:

  • João Ricardo Sousa da Silva, o 'Das Facas' (preso);
  • Raí Cesar Silva Araújo, o 'Jogador' (preso);
  • Francisco Wellington Bezerra da Silva, o 'Bombado';
  • André Soares Júnior, o 'Loirinho';
  • Eduardo José do Nascimento, o 'Carioca';
  • João Victor Aguiar de Sousa, o 'Tito';
  • Tiago Pereira Mendes, o 'Cara de Pizza';
  • Gabriel Sousa Freitas, o 'Biel' (preso);
  • Charles Dantas Oliveira (preso);
  • Israel Silva Ferreira;
  • Jeandson Nunes Bento dos Santos, o 'Toing';
  • Vinicius Rian Inácio da Silva, o 'VN';
  • Thiago Farias de Lima, o 'TH' (preso);
  • Alessandro Vieira da Silva, o 'Rato' (preso);
  • Mateus Acelino da Silva, o 'Malagueta' (preso);
  • Kevem Tyago Costa Pompeu, o 'Maluquinho';
  • José Ivan Alves da Silva Filho, o 'Filho';
  • Mateus Aguiar de Sousa (preso);
  • Kaique de Sousa Domingos, o 'Neguinho';
  • Yuri Marques Bento, o 'Berre';
  • Miguel Sousa da Silva, o 'Miguelzinho';
  • Antônio Gabriel Sousa da Silva (preso).
  • Nilson Lima Nogueira Filho


A investigação aponta que Raí César e João Ricardo são lideranças do crime organizado na região e comandaram o ataque. Para o MP, a dupla está sujeita ao agravamento de penas por ter exercido comando coletivo no caso.

Conversas entre a dupla foram ouvidas pela Polícia e divulgadas em primeira mão pelo Diário do Nordeste. No diálogo, Raí e João davam detalhes acerca do crime enquanto ainda se encontravam foragidos:

"Os acusados ainda realizaram os homicídios com emprego de arma de fogo de uso restrito. Em cotejo com as provas até aqui colhidas, torna-se evidente que  todos os acusados tinham conhecimento de que dentre as armas utilizadas pelos membros da "Tropa do 2R", notadamente um de seus líderes, RAÍ ("JOGADOR") se valia de um fuzil, armamento de guerra, classificado como de uso restrito"
MPCE

Um fuzil calibre 556 foi apreendido envolto em um saco de cebola, dentro de um matagal, no bairro Parque Manibura, na Capital. Denúncia anônima que dava conta de que a arma foi utilizada na Chacina levou a Polícia até o armamento.

Também consta na denúncia que houve participação de outros indivíduos ainda não identificados satisfatoriamente, bem como seis adolescentes que estavam em posse de armas de fogo durante a chacina. O órgão ministerial ainda solicitou ao Judiciário a incineração das drogas apreendidas pelos policiais durante as diligências que resultaram nas prisões e apreensões.