4º dia do júri da Chacina do Curió terá debates entre acusação e defesa

Há previsão por parte do Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) que os debates durem até nove horas

Um dos mais longos júris já realizados no Ceará chega ao quarto dia seguido e se aproxima do fim. Para esta sexta-feira (23) estão previstos os debates entre acusação, assistência da acusação e defesas dos quatro policiais militares réus pela Chacina do Curió.

No terceiro dia, a sessão teve fim às 21h05, sendo o PM Ideraldo Amâncio o último a depor no Fórum Clóvis Beviláqua. O júri deve ser retomado às 9h desta sexta. Há previsão por parte do Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) que os debates durem até nove horas, ainda com possíveis réplicas e tréplicas ao longo do júri.

Em seguida, os magistrados devem ler os quesitos postos para votação e os jurados se reúnem para decidir pela condenação ou absolvição dos réus. Além de Ideraldo Amâncio, são acusados os soldados: Wellington Veras Chagas, Marcus Vinícius Sousa da Costa e Antônio José de Abreu Vidal Filho.

Na terça-feira (20), primeiro dia de sessão do Júri, foram ouvidas três vítimas sobreviventes da matança e duas testemunhas de acusação. Na quarta (21), sete testemunhas de defesa foram interrogadas

TESES

Os PMs negam participação nos crimes, mas para o Ministério Público do Ceará (MPCE) há provas nos autos que "os colocam no local dos fatos".

Com o aprofundamento das investigações, o MP apontou a adulteração de placas como tentativa de impossibilitar a identificação da presença dos veículos dos suspeitos nas adjacências da região onde ocorreu a chacina.

O primeiro réu a ser ouvido em plenário na quinta-feira (22) foi Antônio José de Abreu Vidal Filho. Ele falou por videoconferência de dentro de um carro nos Estados Unidos, onde mora atualmente, e confirmou responder a um processo por deserção da Polícia Militar do Ceará (PMCE). Sobre a chacina, negou qualquer participação.

Marcus Vinícius Sousa da Costa foi o segundo a depor. Seguindo a narrativa de Abreu, Marcus Vinícius conta que também foi à Praça da Base do Programa Crack é Possível Vencer, em Messejana, na noite da chacina, como forma de solidariedade à morte do soldado Valtemberg Serpa.

“Os policiais estavam chamando nos grupos, e eu fui me solidarizar com a família, que eu não conhecia, mais com o intuito de chamar a atenção para essas mortes de policiais que estavam acontecendo”, disse Marcus no interrogatório.

À tarde foram ouvidos Wellington Veras Chagas e Ideraldo Amâncio. Ambos passaram nove meses detidos no Presídio Militar, sob acusação de participar da chacina. Os dois negam envolvimento no caso. No entanto, para o MPCE, indícios demonstrados ao longo do processo e no julgamento os colocam nas cenas dos crimes.