Diante do aumento de casos da Covid-19 em indígenas no Ceará e expansão da doença em Itapipoca, o povo Tremembé da Barra do Mundaú, no território indígena do Município, decidiu tornar mais rígidas as medidas de isolamento na barreira sanitária criada na entrada da aldeia no último dia 1º de maio, com o objetivo diminuir o fluxo no território .
Em nota divulgada pelas lideranças Tremembé nas redes sociais, ficou determinado que os indígenas só deixem a aldeia para fazer compras, retirar benefícios ou buscar serviços de saúde. Também foi indicado não “sair mais de uma vez da aldeia” e “evitar ir ao município de Itapipoca”. As medidas passaram a valer nesta quinta-feira (14). O informativo também define que só serão permitidas entradas de veículos para entrega de alimentos e gás de cozinha, além de pessoas que atuem com serviços essenciais. Para limitar o acesso, a barreira ficará fechada a partir de 22h.
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A preocupação se dá pelo avanço da doença no Município, que registra o quinto maior número de casos confirmados de Covid-19 do Ceará. Segundo a plataforma IntegraSus, da Secretaria da Saúde (Sesa) do Ceará, atualizada às 17h26, Itapipoca já soma 382 pessoas infectadas e 21 óbitos. A cidade também figura no ranking nacional com piores médias de dias para duplicação dos casos.
Avanço
Por conta da situação, indígenas que estão na barreira sanitária na terra tremembé recebem a visita da equipe multidisciplinar de saúde indígena de Itapipoca. “Verificamos a temperatura corporal e a saturação de oxigênio do sangue das pessoas que eram permitidas adentrar ao território dando orientações também a respeito da Covid. Temos distribuído máscaras e álcool em gel que foram doados à comunidade”, explica a enfermeira da equipe, Patrícia Viana.
O atendimento acontece dentro da aldeia e pelo menos uma vez por semana a equipe visita a barreira sanitária para realizar as ações
A aldeia também já recebeu visita da equipe de saúde dos Marinheiros, da Prefeitura de Itapipoca, além de lideranças indígenas e não indígenas. “Foi importante para unirmos forças e alinharmos mais estratégias em conjunto já que temos indígenas e não indígenas no local”, ressalta Patrícia. “Em todas as vezes que estivemos presentes, não encontramos nenhum caso suspeito. Todos, até então, estavam sem sinais clínicos”.
Boletim
Segundo boletim da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), divulgado às 17h de ontem (14), o Ceará chegou a 23 casos confirmados da doença. Além disso, 2 óbitos foram registrados e 8 indígenas foram curados. Em abril, a Fundação Nacional do Índio (Funai) suspendeu a entrada de visitantes em Terras Indígenas. Em nota enviada na última semana, o órgão também disse que segue o monitoramento das aldeias cearenses, em parceria com a Sesai.