Sem Luizianne, bancada cearense deve fechar consenso pró Bismarck na eleição desta terça (14)

Além do seu próprio partido, o pedetista reúne apoio de membros do PSD, PL, União Brasil e MDB

Os deputados federais cearenses realizam, a partir das 17h desta terça-feira (14), em Brasília, a escolha de quem coordenará a bancada do Estado ao longo do ano. As tratativas sobre o assunto seguiram no sentido de vetar o PT desse posto, tendo em vista que o partido já acumula posições de liderança neste mandato. Com isso, Luizianne Lins (PT) renunciou à disputa, deixando o caminho livre para a construção de consenso em torno do nome de Eduardo Bismarck (PDT).

Além do seu próprio partido, o pedetista reúne apoio de membros do PSD, PL, União Brasil e MDB. Para os seus apoiadores, a relação harmoniosa com os colegas influenciou na decisão.

O fortalecimento de um nome que não seja necessariamente governista, o que pode garantir um melhor diálogo de oposicionistas e independentes com o governo, também pesou. Além disso, há uma negociação sobre a distribuição da coordenação nos próximos anos, com base no volume da representação partidária.

O União Brasil, por ser o segundo maior partido do bloco cearense, ficaria com o cargo em 2024, como confirmaram as deputadas Fernanda Pessoa e Dayanny do Capitão. Moses Rodrigues é o nome cotado para isso. Questionado, o deputado disse, via assessoria, que a definição será feita "em momento oportuno". 

O PSD seria o partido responsável pela coordenação em 2025, novamente com Domingos Neto à frente das articulações. Já em 2026, o posto seria assumido por um membro do PL, segundo apuração do colunista Wagner Mendes.

Luizianne, contudo, disse, na última semana, que não tinha tomado conhecimento sobre as tratativas até o fim do mandato e considerava "estranha" a movimentação.

"Eu não sei se esse acordo se concretizou, se ele houve, porém o que posso lhe dizer, se ele tivesse havido, primeiro que é muito esquisito [...] Em oito anos que sou deputada federal, nunca vi um acordo de partidos que não contemplasse ou que não tivesse acordo com o governo que estava no momento governando o Estado do Ceará", avaliou

Elo entre entes

Considerando o acordo para os anos seguintes e necessidade de diálogo equilibrado com os governos petistas a nível nacional e estadual, a maioria da bancada cearense deve confirmar o apoio a Eduardo Bismarck nesta quarta.

"Coordenação é estar próximo, ele ganhou esse crédito. É para fazer esse trabalho de auxiliar os deputados, isso dá ânimo para a gente, de ter um coordenador que possa nos ajudar nessas questões, tanto comuns como particulares", observou Dr. Jaziel (PL). 

Nessa perspectiva, a deputada Dayanny do Capitão (União) espera que Bismarck faça uma "coordenação pacífica e enriquecedora" para o Estado. Ela também apontou a discussão sobre recursos e projetos como tópicos importantes nesse diálogo.

"O papel do coordenador é extremamente importante. A retirada da candidatura da Luizianne favorece, inclusive, a harmonia em relação ao nome de Eduardo Bismarck", afirmou a parlamentar.

Diário do Nordeste consultou os deputados petistas cearenses para entender qual deve ser a posição do partido nesta data, mas não recebeu retorno até o fechamento da matéria.

Dentro do União Brasil, Fernanda Pessoa também era figura dissonante, já que defendia a condução de Luizianne à coordenação da bancada, conforme afirmou à coluna de Wagner Mendes, veiculada no último sábado (11). A reportagem procurou a assessoria da deputada na segunda-feira (13), mas também não recebeu resposta.

Bismarck e Luizianne

Na última semana, o deputado pedetista afirmou que não achava ser "saudável" que o PT assumisse o posto no primeiro ano de governo para não "atrapalhar o diálogo com quem é da oposição". Disse, também, que o partido poderia ficar fora das decisões caso decidisse disputar a coordenação da bancada neste ano. 

"São necessários 12 deputados para definir a coordenação e 17 para definir o orçamento. Hoje temos 17 que declararam apoio. Se o PT ficar fora serão os 17 que irão definir", adiantou, ponderando, contudo, que poderia apoiar Luizianne no futuro.

A petista afirmou que a sua candidatura ao posto ocorrer para ajudar o governo estadual, "tendo em vista que nunca teve disputa por esse espaço" e que sempre assinou "todas as decisões da bancada". Apesar disso, resolveu desistir do pleito.

Procurado novamente pelo Diário do Nordeste, na segunda-feira, Bismarck informou que ainda busca o apoio do PT.

Era muito importante que eles estivessem no arco de apoio, mesmo que seja unânime, para que a gente possa construir juntos o orçamento de bancada porque o favorecido é o governador (Elmano de Freitas). Eu não quero que o fato de eles não terem apoiado não prejudique a construção do orçamento e prejudique o governador. Gostaria muito de conversar com ela (Luizianne), ter o apoio, preciso dela e do (José) Guimarães
Eduardo Bismarck (PDT)
Deputado federal

De qualquer forma, a bancada vai se reunir com Elmano para colher as suas demandas quanto ao Orçamento, entre outros assuntos. "Vamos fazer as reuniões para compilar esse pleitos dos deputados e dos entes federados. O momento, agora, é de aproximar a bancada do governador e ouvir as demandas dos que são base ou não. O recurso da oposição vem também para o Estado", completou.