Qual o histórico das tentativas de aliança entre o PT e o grupo político de Cid Gomes em Fortaleza

A união entre petistas e cidistas em Fortaleza ocorreu apenas uma vez na Capital

A quatro meses das definições partidárias para as eleições municipais, declarações do senador Cid Gomes (PSB) têm alimentado expectativas sobre um possível retomada de aliança entre o seu grupo político e o PT na eleição pela Prefeitura de Fortaleza. Mesmo que coloque como "inquestionável" a união entre o Partido dos Trabalhadores e o Partido Socialista Brasileiro no pleito municipal, Cid tem defendido um "compartilhamento de poder", que poderia resultar em uma cabeça de chapa socialista, com uma candidatura a vice do PT. 

No histórico das últimas duas décadas, no entanto, a possibilidade de a aliança vingar tem se mostrado remota, dividindo especialistas e figuras políticas que acompanham os grupos nos últimos anos. A união entre petistas e cidistas em Fortaleza ocorreu apenas uma vez e durou cerca de seis anos. O pacto político, inclusive, rendeu frutos e perpetua até hoje no Poder Executivo estadual. Ainda assim, os desgastes que se sucederam às eleições de 2012 deixaram ex-aliados em lados opostos nas últimas disputas pela Prefeitura de Fortaleza. 

Apesar de terem se tornado forças antagônicas na Capital, as tentativas de aproximação e reaproximação não pararam de ocorrer ao longo dos anos. Agora, o senador voltou a relembrar episódios da época áurea de sua aliança com o PT: o começo de tudo, quando a então prefeita Luizianne Lins (PT) o apoiou na eleição para governador, em 2006. Recentemente, ele declarou que ela "foi fundamental para a sua primeira vitória como governador".

“Eu não teria aliança com o PT se não fosse a Luizianne. Eu a apoiei na reeleição dela. Ela nunca deixou de votar em mim, e eu nunca deixei de votar nela. Aliás, mais para cá, eu deixei, mas tenho por ela o maior carinho”, disse o senador durante evento de sua filiação ao PSB, em fevereiro deste ano.

Somado a isso, ele tem reforçado que seu grupo político marchará junto ao Partido dos Trabalhadores na eleição pelo Paço Municipal. 

"Não há nenhum questionamento ou dúvida de que todo aquele arco de aliança que esteve comigo lá atrás, que respaldou o governo do Camilo e que, boa parte, apoiou o Elmano (...) deva ter um candidato só", declarou Cid Gomes no último dia 9 de março, em evento que filiou novos integrantes ao PSB.

Cid voltou ao PSB em fevereiro deste ano, levando uma caravana de prefeitos, após deixar o PDT e romper com seu irmão Ciro Gomes devido à aliança com o Governo do Ceará, comandado por Elmano de Freitas (PT). Ele já foi filiado a legenda anteriormente, de 2005 a 2013 — período em que iniciou e rompeu a aliança com o PT em Fortaleza. 

O retorno ao PSB ocorreu em articulação conjunta com o ministro Camilo Santana (PT), aliado e sucessor de Cid no Executivo estadual. A parceria política-administrativa entre Cid e Camilo já dura quase duas décadas, tendo sido iniciada em 2007 — quando Camilo assume a Secretaria de Desenvolvimento Agrário do Ceará no primeiro governo de Cid. 

Contexto 

Professora de Teoria Política da Universidade Estadual do Ceará (Uece), Monalisa Torres explica que as "alianças e desalianças" que cercam o grupo dos Ferreira Gomes seguem um contexto histórico que acompanha a coalizão pragmática construída por Cid Gomes em sua trajetória política. Os sinais dessa ampla coalizão, que têm sido bem-sucedida até então, no Ceará, remontam há mais de 20 anos, antes de Cid se tornar a liderança política que é atualmente. 

A aproximação com o PT, inclusive, iniciou quando Cid se candidatou à Prefeitura de Sobral, tendo como vice na chapa o arquiteto Edilson Aragão, do PT. 

"Ele ali tinha consolidado uma aliança entre o partido do Governo, o PSDB, com o PT para a Prefeitura de Sobral. (...) A coalizão de Cid é uma coalizão muito pragmática de atrair aliados, sobretudo com base eleitoral consolidada. Mas são aliados muito distantes, do ponto de vista partidário e ideológico, heterogêneos" 
Monalisa Torres
Professora de Teoria Política da Uece

À época das eleições municipais de 1996, Cid concorreu à Prefeitura de Sobral pelo PSDB, mas deixou a legenda em 1997, junto com o irmão Ciro Gomes e seu grupo político, para ir ao PPS (atual Cidadania). Antes, ele e o irmão eram aliados de Tasso Jereissati, à época governador do Estado pela segunda vez.  

Segundo Monalisa, o pragmatismo para formar aliança com o PT em Sobral abriu portas para a aproximação com lideranças políticas petistas. Com a vitória do PT em 2002 para o Governo Federal, Ciro acaba sendo convidado para integrar o ministério de Lula, e a aproximação dos irmãos com lideranças locais da legenda aumentou. 

"(A proximidade) se iniciou em Sobral, lá a gente tinha uma boa convivência com o pessoal do PT. Inclusive, o Veveu (Arruda) acabou sendo vice-prefeito do Leônidas Cristino (sucessor de Cid na prefeitura de Sobral, em 2004). Teve o Edilson Aragão, que foi outro do PT que foi vice do Cid. Tinha esse diálogo, essa parceria sempre compondo as chapas, compondo a administração e, depois, o PT foi cabeça de chapa com o Veveu", relembra a deputada estadual Lia Gomes (PDT), irmã de Cid e Ciro. 

Eleição de 2004 

Em 2004, a então deputada estadual Luizianne Lins (PT) consegue viabilizar seu nome para encabeçar a chapa petista à disputa pela Prefeitura de Fortaleza sem apoio do PT Nacional. À época, o presidente Lula e Ciro Gomes, então ministro da Integração Nacional, defendiam o nome de Inácio Arruda (PCdoB). 

Sem apoio do PT, ela consegue ir ao segundo turno contra Morani Torgan (PFL, que se transformou em DEM e hoje é o União Brasil), desbancando os candidatos apoiados por Tasso e Ciro, Cambraia e Inácio Arruda, respectivamente. Com a vitória no primeiro turno, o PT volta a apoiá-la no segundo turno.  

Com a vitória de Luizianne nas urnas, o Partido dos Trabalhadores ganha força em Fortaleza e passa ser cobiçado por distintos grupos políticos, como aponta o cientista político Cleyton Monte, que também é professor universitário e pesquisador do Laboratório de Estudos sobre Política, Eleições e Mídia (Lepem) da Universidade Federal do Ceará (UFC). 

"Naquela época, o partido do Cid era o PPS ainda, era um partido que ainda estava no governo do Lúcio Alcântara (2003-2007). Naquele momento, ele não manifestou apoio (na eleição de Fortaleza), tinha ido estudar fora, estava muito focado na política de Sobral. Ele passa a ter uma possibilidade de se aproximar mais de Fortaleza a partir de 2005. Quem articulou a candidatura do Cid ao Governo do Estado foi o Ciro, que estava no Governo Lula como ministro. Aí ele se aproxima da Luizianne, (José) Guimarães, Eunício (Oliveira)" 
Cleyton Monte
Cientista Político e Professor Universitário

A construção de uma aliança 

Com a aproximação em Fortaleza, Luizianne passa a defender o apoio do PT à candidatura de Cid Gomes, agora filiado ao PSB, para o Governo do Estado. A nível nacional, o partido já dialogava com o PT.  

Presidente do Imparh (Instituto Municipal de Desenvolvimento de Recursos Humanos) durante a gestão da petista em Fortaleza e atual presidente do Instituto Centro de Ensino Tecnológico (Centec), Acrísio Sena (PT) relata que as pesquisas de intenção de voto demostravam que Cid só ganharia a eleição com apoio do PT. À época, Cid disputaria a gestão estadual contra a reeleição de Lúcio Alcântara, então governador. 

"Em 2006, o Cid tinha várias pesquisas, de vários institutos, mostrando que ele só ganharia a eleição se fosse aliado ao PT. Em 2006, eu me lembro que foi levantada a tese de candidatura própria do José Airton (PT, atual deputado federal). Nós votamos isso no encontro, e a Luizianne defendeu apoio a eleição do Cid. Se eu não me engano, o vice do Cid, professor Pinheiro, foi indicado por ela. Eu era presidente do Imparh, eu saí do Imparh para coordenar a campanha do Cid em Fortaleza a pedido da Luizianne" 
Acrísio Sena (PT)
Presidente do Centec

Procurador-geral do Município durante a gestão de Lins e atual superintendente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) no Ceará, Deodato Ramalho relembra que, na eleição de 2006, a petista estava em um momento de boa popularidade na Capital e, por isso, o apoio dela e do PT para Cid foi essencial para a vitória dele ainda no primeiro turno, com 62,38% dos votos válidos.  

"Na época, o Lúcio Alcântara (então governador) tinha a avaliação positiva em torno de 75% do eleitorado, era uma candidatura tida como imbatível. E a gente foi lá e bateu", declarou Deodato Ramalho. 

Desafios pós-vitória de Cid 

Com a aliança consolidada, era a vez de Cid Gomes apoiar a reeleição de Luizianne Lins em 2008. Naquele ano, a "fidelidade" de Cid foi posta a fogo, já que Lins enfrentaria a ex-cunhada do pessebista, Patrícia Saboya, na disputa. Ciro Gomes, inclusive, apoiou Saboya, enquanto Cid manteve-se fiel à Luizianne. 

Em 2010, a petista retribuiu o gesto e apoiou Cid na reeleição de governador. Em 2012, no entanto, o cenário mudou. Os dois já vinham trocando farpas ao longo do mandato, que foi intensificado com o passar dos anos.  

Ainda em 2010, um marco de troca de farpas entre os dois foi a discussão sobre a construção de um estaleiro no Titanzinho, no bairro Cais do Porto. Cid queria construir o equipamento no local, Luizianne recusou.  

Para ele, o local era o único estrategicamente posicionado para a construção do estaleiro. "Não existe uma segunda opção", disse ao Diário do Nordeste, em janeiro de 2010.

"Nós somos contra a instalação do Estaleiro na Praia do Titanzinho. Se perguntar de novo, vou repetir o mesmo mais uma vez", declarou a então prefeita em março daquele ano. 

As farpas continuaram ao longo dos anos e, em 2012, terminou em ruptura com a falta de acordo sobre quem deveria ser o sucessor da então prefeita. Lins queria Elmano, já Cid teria chegado a sugerir lançar Camilo Santana, por ser petista e aliado próximo. 

Com cada um querendo um nome diferente, a aliança quebrou de vez. O grupo de Cid Gomes lançou o então presidente da Assembleia Legislativa do Ceará (Alece), Roberto Cláudio (à época pelo PSB, hoje PDT), para o páreo. Já Lins apresentou Elmano. Os dois chegaram a ir para um segundo turno, onde Roberto Cláudio levou a melhor. 

Eleito vereador em 2008, o deputado estadual Antônio Henrique (PDT) relembra que integrou a base da ex-prefeita na Câmara Municipal até o fim, até a ruptura. À época, ele integrava o grupo liderado pelos irmãos Ferreira Gomes. Com o racha atual, continua no PDT e integra a oposição ao Governo Estadual na Assembleia.  

"Do que eu lembro, em 2008, o grupo dos Ferreira Gomes estava apoiando a Luizianne. Na verdade, já havia até uma certa divisão. A Patrícia Saboya foi candidata a prefeita, e a Luizianne candidata à reeleição. O Cid apoiou a Luizianne, e o Ciro, a Patrícia. Em 2012, foi quando nós vimos o desastre da administração do PT em Fortaleza, e o grupo do Cid, do Ciro Ferreira Gomes, apoiou o Roberto Cláudio. (...) Durante o primeiro mandato até chegar finalmente a ruptura, em 2012, a gente estava na base da prefeita mesmo vendo que as coisas não estavam boas", relembra Antônio Henrique.

"Tivemos problemas na gestão, alguns embates, mas não foi isso. O problema é que, quando chegou em 2012, o Cid queria, mesmo apoiando o candidato do PT, influir em quem seria o candidato do PT. E nós não aceitamos, porque era uma questão interna do partido, e a Luizianne indica o nome do Elmano para ser o candidato do PT. Foi totalmente consensuado dentro do PT. Ali foi o marco desse rompimento, porque a eleição do Roberto Cláudio, no segundo turno, foi uma eleição muito dura, houve muitos problemas. No dia da eleição tivemos muitos problemas, a Cidade foi tomada por todo o interior do Ceará. Como essa eleição foi muito dura com muitos ataques de ambos os lados, acabou consolidando aquele rompimento", afirma Deodato.

Desde então, o PT e o grupo de Cid Gomes não se uniram em Fortaleza. Os dois voltaram a se encontrar pela primeira vez em dezembro do no ano passado. Na ocasião, Lins declarou que "foi uma boa conversa" sobre a conjuntura política cearense. 

Sucessão de Cid e eleições na Capital 

Apesar do rompimento na Capital, Cid lançou Camilo Santana, que é de um grupo político diferente de Luizianne dentro do PT, para a sua sucessão em 2014. À época, o lançamento do nome dele embaralhou os planos que vinham sendo articulados dentro do PT. Naquele período, o deputado federal José Guimarães, uma das lideranças do Partido dos Trabalhadores no Ceará, já queria se cacifar para o Senado, conforme relembra Deodato Ramalho. 

"O PT tinha tomado a decisão de indicar o candidato ao Senado, e, ao governo, seria do grupo dos Ferreira Gomes, e não do PT. Houve uma dificuldade dentro do grupo deles, e o Cid resolveu apoiar o nome do Camilo. No primeiro momento, havia uma certa resistência dentro do PT, dos grupos majoritários, porque os grupos majoritários tinham tomado a decisão de indicar o Guimarães para o Senado. No entanto, a indicação partiu do Cid e, por conta disso, acabou fixando o nome do Camilo para ser o candidato a governador em 2014" 
Deodato Ramalho (PT)
Superintendente do Ibama-CE

Mesmo com Camilo no Poder Executivo estadual, o PT e o grupo de Cid não se uniram nas eleições municipais de 2016 e 2020. Tamanha a crise que o partido vinha passando em 2016 com o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, que lideranças da agremiação chegaram a cogitar não lançar nenhuma candidatura, conforme relatam petistas. Todavia, para manter a militância ativa e demonstrar a resistência do partido, o PT lançou Luizianne Lins, que ficou em terceiro lugar na disputa. 

Em 2020, com a ascensão do bolsonarismo, o cenário se repetiu. Na época, o então prefeito Roberto Cláudio conseguiu emplacar o sucessor, José Sarto (PDT), com apoio do então governador Camilo Santana no segundo turno. 

O cenário atual 

Com o racha no PDT na eleição estadual de 2022, iniciado por divergência sobre quem deveria ser o candidato da sigla, se a então governadora Izolda Cela (hoje PSB) ou Roberto Cláudio, o PT decidiu lançar o nome do então deputado estadual Elmano de Freitas para a disputa. Com apoio de Camilo e de um grupo de pedetistas ligado a Cid, Elmano alçou a vitória ainda no primeiro turno. 

Vale destacar que, durante a eleição, Cid não fez campanha para Roberto Cláudio, apenas para o irmão Ciro Gomes, então candidato à Presidência da República, e para Camilo, que concorreu ao Senado. Ele defendia o nome de Izolda como candidata, já o irmão queria Roberto Cláudio. 

Passada as eleições de 2022, Cid voltou a defender a retomada da aliança com o PT no Governo do Estado. O partido se recusou, mesmo com a maioria da bancada na Assembleia Legislativa do Ceará (Alece) integrando a base governista. As divergências seguiram até que, no fim do ano passado, ele deixou a legenda após travar uma disputa interna pelo comando da sigla no Ceará.  

Em fevereiro deste ano, se filiou ao PSB com articulação de Camilo e com lideranças nacionais. Todavia, antes mesmo de ir ao PSB, quando ainda estava no PDT, ele já defendia um acordo para que o amplo arco de alianças governista indicasse em conjunto um candidato em Fortaleza para fazer frente ao prefeito José Sarto, que deve tentar a reeleição. 

"O PT tem a presidência da República, tem o Governo do Estado, não acho razoável que eles tenham também a Prefeitura de Fortaleza — ou ganhem, porque eles não têm a Prefeitura de Fortaleza — e fique com todos os três poderes. Não é bom para a democracia", afirmou Cid Gomes, em outubro do ano passado em entrevista ao PontoPoder

Neste ano, o senador tem intensificado a tese de "compartilhamento de poder", defendendo que o PSB lance o cabeça da chapa. As declarações ocorrem em um cenário de disputa interna no PT, que tem cinco pré-candidatos: a deputada estadual Larissa Gaspar; o deputado estadual em exercício e presidente municipal do PT, Guilherme Sampaio; o assessor especial do Governo do Ceará, Artur Bruno; a deputada federal e ex-prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins; e o presidente da Assembleia Legislativa do Ceará (Alece), Evandro Leitão. Estes dois últimos têm protagonizado disputa interna mais acirrada na sigla. 

A aliança vinga? 

Apesar de colocar a aliança como "inquestionável", a pactuação oficial do acordo para eleição de Fortaleza neste ano tem dividido opiniões. Irmã do senador, a deputada Lia Gomes reafirma que a "lógica", no cenário atual, é ter a aliança. 

"A lógica da coisa é essa: é ter uma candidatura só, não ter uma do PSB e outra do PT nesse arco de aliança da esquerda, mas defendendo sempre que o PSB seja o cabeça de chapa", ressaltou. 

Segundo Acrísio Sena, o PSB, na pessoa de Cid, está fazendo o seu papel ao tentar ocupar espaço, mas tanto a sigla quanto o PT entendem a importância da aliança na Capital. 

"Isso faz parte do jogo democrático, o PSB está no papel dele de tentar ocupar espaço, assim como nós temos nomes fortes para a disputa. Ambos defendem a manutenção da aliança em Fortaleza e do projeto no Ceará", destacou. 

O cientista político Cleyton Monte avalia que o pacto político deve vingar, mas apenas uma tese vai vencer. "Eu acho que não (pode haver as duas candidaturas). Se a tese do Cid vencer, o PT não lança candidato. Se a tese do PT vencer, dificilmente o Cid lança candidatura", frisou. 

Diferente de Monte, a professora Monalisa Torres ainda não arrisca um palpite. Para ela, no cenário atual, é difícil fazer uma projeção, tendo em vista o projeto político nacional do PT e o empenho do senador Cid em indicar um nome. 

"O PT tem uma estratégia nacional de ampliar o número de prefeituras, mas, ao mesmo tempo, ele precisa manter uma base aliada no Congresso, e essa base aliada tem interesse de ampliar suas bases nos municípios. Então, vai haver diferentes acordos de como esses interesses partidários vão se acomodar para que essa base governista se mantenha a nível federal. Eu não sei como PSB vai entrar nessa jogada, se vai abrir mão de Fortaleza, mas o Cid está muito empenhado em indicar o nome aliado a ele" 
Monalisa Torres
Professora de Teoria Política da Uece

"Por outro lado, a gente tem o Elmano, cuja trajetória política é muito atrelada à trajetória da Luizianne, ela quem o indicou a prefeito de Fortaleza em 2012, naquela ocasião em que ele perde para o Roberto Cláudio. Exatamente por isso, por essa trajetória muito próxima entre eles dois, há uma expectativa de que ele como governador, de alguma forma, endosse o nome da Luizianne para prefeita", complementou Monalisa. 

Próximo de Luizianne, Deodato Ramalho acredita que aliança entre o grupo político de Cid Gomes e PT na Capital também é possível, ainda que a candidata venha a ser Luizianne.

 "A Luizianne tem entendimento com vários partidos, inclusive com o próprio Cid. A Luizianne recentemente teve um encontro com ele. Tiraram até um retrato. O Cid tem uma coisa muito positiva: ele costuma ser grato às pessoas que estiveram em algum momento com ele", frisa.

Petistas próximos do ministro Camilo Santana, no entanto, têm defendido o nome de Evandro Leitão como o capaz de aglutinar. O parlamentar também é próximo do senador Cid Gomes e deixou o PDT pelo PT de olho no pleito de 2024.

Ex-aliado de Cid, Antônio Henrique diz que discorda "desde o início" que o candidato seja do PT ou PSB. Para ele, Cid deveria estar apoiando Sarto, já que o prefeito dá continuidade ao projeto de Roberto Cláudio — que foi indicado por ele em 2012.

"Eu discordo desde o início (dessa aliança). Não é para apoiar nem o candidato do PT nem o candidato do PSB. Nós defendemos a continuação do projeto do Roberto Cláudio, que vem desde 2012, repetido em 2016, continuado com o Sarto em 2020 e esperamos continuar agora em 2024", reforçou.