PF pede quebra de sigilo da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro em investigação sobre desvio de joias

Nesta sexta-feira (11), o mesmo pedido havia sido feito pela Polícia Federal em relação ao ex-presidente Jair Bolsonaro

A Polícia Federal pediu a quebra dos sigilos bancário e fiscal da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. A solicitação foi feita na investigação que apura um suposto esquema de desvio de joias para o patrimônio do ex-presidente Jair Bolsonaro. Nessa sexta (11), o mesmo pedido havia sido feito em relação ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). 

Conforme o jornal O Globo, joias e outros itens de valor expressivo teriam sido recebidos por ele na condição de presidente da República. A PF deflagrou uma operação para apurar a existência de uma organização criminosa no entorno de Bolsonaro.

Segundo o jornal, para o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que autorizou a operação, há indícios de que o plano criminoso teria ocorrido por “determinação” do ex-presidente.

Operação da Polícia Federal

A Polícia Federal (PF) solicitou, nesta sexta-feira (11), a quebra do sigilo fiscal e bancário de Jair Bolsonaro. O ex-presidente está sendo investigado na operação que apura se militares ligados a ele negociaram joias ilegalmente, que deveriam ser incorporadas ao patrimônio do Estado.

As peças que são alvo das apurações foram presentes para a Presidência durante o mandato de Bolsonaro. A operação cumpriu ainda mandados de busca e apreensão na casa do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, do advogado Frederick Wassef, que atua na defesa do ex-presidente; e Osmar Crivelatti, que ainda integra a equipe de assessores de Bolsonaro.

Um relógio da marca Patek Philippe, que foi entregue a Bolsonaro em 2021 pelo regime do Bahrein, não aparece nos registros oficiais, conforme a investigação da Polícia Federal. Ainda segundo a PF, o ex-presidente recebeu de Mauro Cid, em 16 de novembro daquele ano, via WhatsApp, o certificado de autenticidade do modelo, avaliado em US$ 51 mil (cerca de R$ 250 mil, na cotação atual).

A investigação obteve dados do celular do ex-ajudante de ordens e descobriu documentos que comprovam a venda da peça, em 13 de junho de 2022, para uma loja na Pensilvânia (EUA). O tenente-coronel Mauro Cid recebeu US$ 68 mil na transação — um relógio Rolex, presenteado pela Arábia Saudita em 2019, também entrou na negociação, segundo a PF. Cid estava nos Estados Unidos na ocasião acompanhando Bolsonaro na Cúpula das Américas.

A defesa do ex-presidente afirmou ao O Globo que ele “jamais apropriou-se ou desviou quaisquer bens públicos” e disse que a movimentação bancária está “à disposição”. A defesa de Michelle nega irregularidades e diz que os dados bancários dela também estão à disposição. Os advogados de Cid não se manifestaram.