Para prefeitas e outras gestoras públicas, o desafio vai além de ter sucesso numa disputa eleitoral, daí a importância da troca de vivências entre mulheres atuantes na política como forma de incentivo mútuo: o alerta é feito pela representante do Movimento de Mulheres Municipalistas no Ceará e também prefeita de Quiterianópolis - a primeira mulher eleita na cidade para o cargo -, Priscilla Barreto (PSD).
Ela foi uma das anfitriãs do almoço "Mulheres no Poder e o fortalecimento da democracia", nesta terça-feira (7), no Seminário de Gestores Públicos - Prefeitos. Esta foi a primeira vez que o evento foi realizado, unindo, em um mesmo espaço, mulheres que atuam na política cearense.
"Mostrar que as mulheres têm voz e vez. Isso é muito importante, principalmente esse incentivo e a representatividade de tantas mulheres aqui, incentivando as outras a serem protagonistas do seu mandato político. (...) É com essa sororidade, com esse acolhimento, transmitindo que as mulheres são capazes sim", disse Barreto.
A prefeita ressaltou "a diversidade de cargos ocupados pelas mulheres" presentes no evento. Entre as participantes, a vice-governadora Jade Romero (MDB), a senadora Augusta Brito (PT), a deputada estadual Lia Gomes (PDT) - que preside a Procuradoria da Mulher na Assembleia Legislativa do Ceará -, além da primeira-dama Lia de Freitas e as secretárias estaduais Onélia Santana (Proteção Social), Zelma Madeira (Igualdade Racial) e Juliana Alves (Povos Indígenas).
Também participaram do momento prefeitas, vice-prefeitas, secretárias municipais e vereadores dos municípios cearenses. Apesar dos momentos de fala das principais figuras políticas, o foco eram as conversas e a troca de experiências entre as gestoras públicas e as parlamentares.
"Estarmos aqui mostrando que ocupamos cargos eletivos, dá discernimento e dá conhecimento para outras mulheres, que elas podem sim lutar e ocupar espaços de poder", ressalta Priscilla Barreto.
Busca por oportunidade e espaço
Priscilla Barreto ressalta os desafios encontrados pelas mulheres que buscam ocupar espaços na política institucional.
"Para muitos que se candidataram, o grande desafio é ser eleito. Mas quando essa candidata é mulher, além do desafio de ser eleita, é o desafio de mostrar competência para ocupar aquele cargo. Então, nós mulheres, dia a dia, trabalhamos para que possamos mostrar que realmente somos merecedoras e competentes para atuar na política".
Por isso, ressalta a deputada Lia Gomes, a busca por maior representatividade feminina não é legislar "em causa própria". "Existem vários estudos que mostram que países onde a participação da mulher é maior são países mais justos socialmente, onde tem mais investimento no social, na educação e consequentemente se você tem investimento, você consegue obter indicadores melhores", disse.
Os diálogos entre as mulheres acabam gerando, portanto, "redes" de apoio como uma forma de "buscar caminhos para progredir", aponta a deputada.
A senadora Augusta Brito ressaltou a importância do trabalho das vereadoras, principalmente em municípios onde as políticas públicas para mulheres ainda não foram implementadas ou estão em estágio muito inicial de aplicação. Ela destacou ainda a importância de maior espaço para as mulheres negras nos espaços políticos.
"Mulher não quer ser homem, mas ela quer ter os mesmos direitos e as mesmas oportunidades. Então, a palavra empoderamento está muito ligada à oportunidade. A nossa luta hoje é por espaço, por buscar uma oportunidade de mostrar nosso trabalho, mostrar a nossa competência, que a mulher, sim, seja o que ela quiser", completa Barreto.
Primeira-dama no Ceará, Lia de Freitas reforça ainda a importância das eleições que ocorrem, em 2023, nos municípios e como o voto é necessário para ampliar a presença das mulheres na política. "Nós precisamos realmente de representatividade. Nós estamos nesse patamar hoje, porque outras mulheres no passado lutaram pelos nossos direitos", ressalta.
Políticas públicas voltadas às mulheres
Para além da discussão da representatividade política feminina - e de maior igualdade de gênero nestes espaços -, também esteve em pauta as políticas públicas voltadas às mulheres e que podem ser aplicadas nas gestões.
A vice-governadora Jade Romero, que também ocupa a Secretaria Estadual de Mulheres, ressaltou a questão do enfrentamento da violência contra mulheres e da necessidade de fortalecer medidas para oferecer maior autonomia econômica a elas.
Nesta quarta-feira, inclusive, foi iniciado ciclo de capacitações para que as mulheres saibam como ter acesso ao crédito oferecido pelo Estado para criação de novos negócios ou para financiar negócios já existentes - são cerca de R$ 20 milhões ofertados para iniciativas individuais de mulheres pelo Governo do Ceará, ressalta Romero. A intenção é que esta capacitação "percorra todo o estado", explica.
Além disso, a vice-governadora detalhou iniciativas da gestão estadual para apoiar as Casas Municipais, que atuam no combate à violência contra a mulher ao reunir órgãos de acolhimento às vítimas. A intenção, segundo Romero, é unificar o sistema de atendimento destes espaços com os utilizados nas Casas da Mulher Cearense.
"A gente quer poder fortalecer essa teia de serviço junto dos municípios, com o apoio do estado, para que todas as as nossas cidades consigam ter algum tipo de serviço ali pra para o enfrentamento à violência", ressalta.
Além disso, ela diz que o Governo quer fortalecer a entrega da Patrulha Maria da Penha, que oferece esse reforço para evitar episódios de violência de gênero.
"Nós temos uma metodologia que acompanhou mais de três mil mulheres que foram vítimas de violência e, em nenhum desses casos, chegou a acontecer um feminicídio, esse é o nosso principal objetivo: fazer o enfrentamento a violência e a redução dos feminicídios. E, para isso, a gente sabe que o Estado precisa estar muito presente", ressaltou a vice-governadora.