As recentes articulações dos partidos para filiar novos membros e montar as chapas das eleições proporcionais no Ceará tiveram efeito no parlamento municipal, esvaziando bancadas e fortalecendo grupos na Câmara Municipal de Fortaleza.
Sem janela partidária para deixá-los livre para mudar de partido sem sofrer sanções, vereadores fizeram uma costura interna com os dirigentes para manter o mandato mesmo trocando de sigla, visando concorrer a vagas na Câmara dos Deputados ou Assembleia Legislativa do Estado (AL-CE).
O resultado dessas movimentações foi uma nova configuração nos assentos em um período estratégico, no qual os grupos começam a demarcar território também por ideologia partidária, fazendo o mesmo movimentos dos seus líderes.
Os efeitos foram mais latentes nos partidos ligados à oposição ao governo do prefeito José Sarto (PDT) e ao grupo governista no Ceará, uma resposta direta à entrada de Jair Bolsonaro no PL, ainda em dezembro de 2021, e à filiação do deputado Capitão Wagner ao União Brasil, partido do qual se tornou presidente.
da bancada na Câmara foi movimentada. Dez entre os 43 parlamentares titulares atuaram para mudar de sigla nas últimas semanas.
O rearranjo deve transformar o PL na segunda maior bancada da Casa, saindo de dois para seis representantes. O Pros, por sua vez, pode perder os seis vereadores titulares. O União Brasil, após extinção do DEM e PSL, projeta quatro vereadores.
O PSDB salta de um para três membros, o Republicanos diminui a bancada de dois para um vereador. O PSC perdeu representatividade após saída dos dois únicos membros titulares, assim como o Podemos, que não tem mais representação na Câmara.
Atração pelo PL
Vereadores de Fortaleza foram atraídos pela promessa do presidente estadual Acilon Gonçalves que, mesmo na base do governo, promete campanha para Bolsonaro no Ceará.
Todos os que migraram para a sigla admitem já estarem em pré-campanha, ampliando o palanque de Bolsonaro no Estado.
Migraram para o partido os vereadores Carmelo Neto e Priscila Costa. A expectativa é ainda pela filiação de Bruno Mesquita e Inspetor Alberto, ambos do Pros.
Apesar disso, o PL permanece, ao menos por enquanto, na base do governo estadual, condição de permanência das vereadoras Tia Francisca e Ana do Aracapé, eleitas pela agremiação ainda em 2020.
Debandada no Pros
O Pros perdeu a representatividade na oposição, fruto de uma debandada de três dos seus cinco membros. Márcio Martins articula sua saída para o União Brasil, e Bruno Mesquita, para o PL.
Os dois, no entanto, permanecem na sigla e tentam a mudança através de uma Suscitação de Dúvida ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE-CE) - um dispositivo jurídico que, caso aceito, garante a troca sem risco de perda de mandato para os vereadores.
Atuando desde 2020 como o principal partido de oposição à direita na Câmara, o Pros, após a saída do Capitão Wagner, voltou a se aproximar da oposição e tem como novo vice-presidente estadual o radialista Bosco Farias, que é ligado ao grupo dos irmãos Ferreira Gomes.
Na última quinta-feira (31), Farias publicou uma foto ao lado do senador Cid Gomes, do presidente da Assembleia Legislativa, Evandro Leitão, e do ex-prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio, todos do PDT.
Jogo das cadeiras
Sob o comando do Capitão Wagner, o União Brasil atraiu parte dos parlamentares que deixaram o Pros. Se filiaram, nesse sentido, Julierme Sena e Sargento Reginauro, ainda sob expectativa da entrada de Márcio Martins.
Eleito pelo extinto PSL, Marcelo Lemos permanece no União Brasil, mas continua integrando a base do governo.
Também do grupo governista, Cláudia Gomes, do extinto DEM, se filiou ao PSDB. Erivaldo Xavier também entrou no partido tucano, esvaziando o PSC, uma vez que Priscila Costa (PL) também era membro do partido.
Já o Republicanos perdeu a filiação de Carmelo Neto (PL), ficando apenas com a representação de Ronaldo Martins na bancada.
O mesmo ocorreu com o Podemos com a saída de Danilo Lopes para o Avante. A mudança aconteceu ainda no dia 1º de abril, após a saída do ex-ministro Sérgio Moro da sigla. A presidência estadual informou, através de nota, que o Podemos não terá candidatos a deputado estadual ou federal em 2022. Interloutores do partido afirmam que houve dificuldade na formação de chapa.