O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinou, nesta sexta-feira (3), que o senador Marcos do Val (Podemos-ES) preste novo depoimento à Polícia Federal (PF) sobre a suposta articulação de um golpe contra o Estado.
Uma investigação sobre o relato de Marcos do Val foi aberta após determinação de Moraes. O ministro afirmou que no depoimento prestado à PF nessa quinta-feira (2), o senador apresentou uma quarta versão dos fatos.
"Ouvido sobre os fatos, o Senador Marcos do Val apresentou, à Polícia Federal, uma quarta versão dos fatos por ele divulgados, todas entre si antagônicas, de modo que se verifica a pertinência e necessidade de diligências para o seu completo esclarecimento", disse.
Marcos do Val expôs o suposto plano pela primeira em transmissão nas redes sociais na madrugada de quinta-feira (2). O político disse ter sido coagido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para se aliar a ele em um golpe contra o Estado. Ele afirmou ter negado a proposta e denunciado o caso.
Conforme informações obtidas pela revista Veja e pela emissora GloboNews, o golpe teria sido articulado em reunião que ocorreu em 9 de dezembro, com Bolsonaro e o deputado Daniel Silveira (PTB-RJ).
A trama consistia em alguém de confiança do presidente se aproximar do presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, e, devidamente equipado, gravar as conversas do magistrado. A ideia era aptar algo comprometedor do ministro que servisse como argumento para prendê-lo.
Esse seria o estopim que desencadearia uma série de medidas que provavelmente atirariam o País numa confusão institucional sem precedentes desde a redemocratização.
Detalhes dessa operação teriam sido dados por Bolsonaro e Daniel Silveira a Marcos do Val, que, dias depois, teria se recusado a participar do esquema, motivo pelo qual os planos não foram concretizados. O papel do senador seria gravar ilegalmente Alexandre de Moraes.
Versão diferente à Polícia Federal
Horas depois da repercussão em nacional, porém, o senador alterou a primeira versão contada da história e suavizou a participação de Bolsonaro. No depoimento à PF, do Val afirmou que Bolsonaro manteve-se calado durante a reunião.
"Que durante toda a conversa, o ex-presidente manteve-se calado; que a sensação que teve era que o ex-presidente não sabia do assunto, e que Daniel Silveira buscava obter o consentimento tanto do depoente como do presidente; que em nenhum momento ex-presidente negou o plano ou mostrou contrariedade ao plano, mantendo-se em silêncio", diz o depoimento.
Ele também mudou a versão sobre o local da reunião com Bolsonaro e Silveira. Inicialmente, para a Veja, Marcos afirmou que era no Palácio do Alvorada, a residência oficial do presidente. Depois, à GloboNews, mencionou a Granja do Torto, residência de campo oficial.
Já para a PF, do Val afirmou que a reunião aconteceu na casa de Bolsonaro, mas como nunca foi lá, não sabia dizer se era a residência oficial, casa de lazer ou outra.
Alexandre de Moraes determinou que a Veja e a GloboNews enviem as entrevistas na íntegra concedidas por Do Val. O Facebook também deve enviar a transmissão realizada pelo senador.