Líder do Governo Sarto é alvo de nota de repúdio do PT após chamar bancada na Alece de 'babacas'

Ao repercutir fala que colocou sua permanência na liderança à prova, Carlos Mesquita (PDT) direcionou ofensas a parlamentares do Partido dos Trabalhadores

O diretório municipal do Partido dos Trabalhadores de Fortaleza divulgou, nessa quarta-feira (22), uma nota de repúdio contra o vereador Carlos Mesquita (PDT), líder do Governo Sarto na Câmara Municipal (CMFor). No comunicado, a agremiação rechaça uma fala do político, que rotulou a deputada estadual Larissa Gaspar (PT) e os demais integrantes da bancada na Assembleia Legislativa do Ceará (Alece), de "babacas".

"Afora a falta de conhecimento com relação às obrigações da Prefeitura quanto ao repasse dos recursos para o tratamento daqueles e daquelas que têm câncer, a ânsia de defender o prefeito Sarto se reveste em insulto da mais baixa qualificação, para desprezar e debochar de parlamentares que cobraram explicações sobre a declaração do referido vereador", criticou o partido em um trecho do texto.

O PT apontou que a suspensão de repasses alegada anteriormente se configuraria como um crime de improbidade e que a declaração recente representa uma "covardia misógina", pois usa "deliberadamente" o nome da parlamentar para direcionar tal exposição.

O órgão partidário cobrou ainda providências da Câmara Municipal com relação ao que considera um "ataque frontal de um parlamentar aos deputados e deputadas estaduais".

Teor da fala

A declaração aconteceu durante a sessão legislativa de quarta-feira, quando o pedetista repercutia a crise gerada por um pronunciamento feito há duas semanas, em que alegou ser proposital o corte de recursos feito pela gestão municipal no Centro Regional Integrado de Oncologia (Crio).

"Ei pessoal da Assembleia, Larissa e companhia limitada! O Sarto é prefeito, babacas, não tem obrigação com a oncologia como era para ser", disse, se dirigindo para as câmeras que fazem a transmissão ao vivo no canal oficial da Casa Legislativa.

Por conta da fala anterior, a permanência do vereador na liderança foi colocada à prova. Na segunda-feira (20), o prefeito José Sarto (PDT) confirmou que o líder havia pedido para sair e que teria uma conversa com ele para que pudessem "bater o martelo".

Inicialmente, uma conversa teria sido marcada para o dia seguinte, terça-feira (21), mas na quarta-feira (22) nenhuma definição foi divulgada, tanto pelo parlamentar quanto pelo mandatário.

Questionado sobre o assunto na quarta, Mesquita indicou que ainda teria outro encontro com o chefe do Executivo para que pudesse definir seu futuro no desenvolvimento das atribuições estratégicas na Casa.

Pedido de CPI

Em função do que foi dito quanto ao corte de verbas, parlamentares de oposição mobilizaram a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar os repasses do Governo Municipal para o tratamento oncológico na Capital.

Segundo o vereador Léo Couto (PSB), que organiza a coleta de assinaturas, as declarações são graves e a ação governamental precisa ser investigada. "Nós tivemos afirmações do líder do governo, onde ele, a meu ver, fala com o prefeito, articula ações, as matérias que vem para a Casa. Foram afirmações graves, onde pessoas da oncologia da nossa cidade estão morrendo, estão deixando de ter atendimento nesta doença que é terrível", argumentou. 

Ao que disse o propositor, até a última quarta-feira, 12 vereadores subscreveram o pedido. Caso seja realmente instalado, afirmou o vereador, o colegiado terá como trabalho inicial a análise do envio de montantes pela União para o Fundo Municipal de Saúde.

A reportagem procurou a coordenadoria de comunicação do Legislativo municipal de Fortaleza a fim de saber se o pedido feito pelo PT para serem tomadas providências será atendido. A matéria será atualizada assim que houver uma resposta.