A decisão da federação entre PSDB e Cidadania do Ceará de recuar do apoio à candidatura de Roberto Cláudio (PDT) ao Governo do Ceará deflagrou uma confusão entre integrantes das duas siglas, com gritaria e bate-boca.
Poucas horas após a decisão, o presidente nacional da federação, Bruno Araújo, emitiu uma resolução determinando que a coligação com o PDT seja confirmada no Ceará.
Com a aliança já anunciada com os pedetistas, a convenção dos tucanos e dos membros do Cidadania nesta quinta-feira (4) tomou um rumo inesperado quando sete dos onze integrantes da comissão provisória da federação votaram pela neutralidade das siglas no pleito deste ano.
O presidente da federação, o ex-senador Chiquinho Feitosa (PSDB), anunciou a decisão nas redes sociais. O posicionamento das siglas contrasta com o que foi anunciado por caciques das duas legendas. Na última segunda-feira (1º), por exemplo, o senador Tasso Jereissati (PSDB) foi o responsável por anunciar o apoio a Roberto Cláudio.
Já os integrantes do Cidadania defendiam o nome do pedetista antes mesmo dele ser oficializado como candidato pelo PDT. Com o revés nesta quinta-feira (4), militantes pró-aliança com o PDT gritaram com aliados de Chiquinho Feitosa, como Antônio Nei, tesoureiro da federação.
"Golpista"
"Golpista", "entregue o cargo" e "respeite a federação" foram algumas palavras ditas na discussão entre os correligionários.
Votaram a favor da neutralidade: Chiquinho Feitosa (PSDB), Antônio Nei (PSDB), Caminha Almeida (PSDB), vereadora Cláudia Gomes (PSDB), Emília Pessoa (PSDB), Maria Francisca de Sousa Paulino (PSDB) e Joel Campos de Oliveira Neto (PSDB). Quatro não votaram: Alexandre Pereira (Cidadania), Tasso Jereissati (PSDB), Moroni Torgan (PSDB) e Raquel Dias (Cidadania).
Presidente do Cidadania, Alexandre Pereira criticou a forma como a convenção foi conduzida por Chiquinho Feitosa e aliados. Segundo ele, a reunião da federação começou antes do horário previsto e também em um lugar diferente do combinado.
"Fui surpreso por essa palhaçada que está rasgando a história do PSDB. Triste, estão rasgando a história do PSDB e a história de Tasso Jereissati, que construiu uma história de seriedade e decência, e ainda estão querendo levar o Cidadania junto", disse.
"O Cidadania se posicionou há mais de quatro meses, admitiu a discussão, o debate, Tasso se posicionou, está totalmente acertado. Não queríamos estar fazendo o que estamos fazendo agora, uma intervenção da federação nacional, a que ponto chegamos. Para que isso? Para que um constrangimento desses? Dois partidos sérios. A convenção vai ser cancelada e, com uma determinação nacional, vamos coligar com o PDT, simples assim", acrescentou.
"Já prevíamos"
Em entrevista ao Diário do Nordeste, Pereira disse que tanto ele quanto Tasso já previam a reviravolta na convenção.
"Já estávamos prevendo que isso poderia acontecer, eu já tinha conversado com o presidente (nacional do Cidadania) Roberto Freire, o senador Tasso também já tinha conversado com o presidente nacional da federação, nós já tínhamos uma resolução pronta para caso isso acontecesse", revelou.
Emília Pessoa, que votou a favor da neutralidade, ressaltou que a maioria decidiu por essa posição "acreditando ser consenso de todos, como foi conversado inicialmente". "Estou aqui entendendo esse cenário geral, esse clima tenso, mas, de fato, é uma votação que cabe aos membros constituídos da própria federação", disse.