Cristiano Carvalho nega ser chefe da Davati no Brasil em depoimento à CPI da Covid

O vendedor disse que as negociações de vacinas em nome da empresa saíram de controle

O vendedor Cristiano Carvalho negou, em depoimento à CPI da Covid no Senado, nesta quinta-feira (15), ser chefe da Davati Medical Supply no Brasil. Ele disse ter sido chamado de CEO da companhia pelo policial militar Luiz Paulo Dominghetti de forma "equivocada e folclórica".

"Não tenho vínculo empregatício, não tenho contrato, nunca fui remunerado para fazer essa aproximação da Davati com o governo brasileiro", afirmou.

Durante sua participação, Cristiano Carvalho disse que as negociações em nome da empresa saíram do controle, alcançando Governo Federal, estados e prefeituras.

"[A negociação] tomou uma dimensão bem grande, porque através do reverendo Amilton [Gomes de Paula, da ONG Senah], que fez um grande trabalho com a representação de vacinas no Brasil, muitas prefeituras do Brasil inteiro, até estados, começaram a procurar a Davati para resolver a questão da falta de vacina", disse.

Segundo Cristiano, houve negociações com quatro consórcios de prefeituras, com o governo de Minas Gerais e com o Governo Federal.

Conversas com Michelle Bolsonaro

Além de descrever a declaração de Dominguetti — que também participava das negociações de vacinas — como fantasiosa, Cristiano Carvalho também minimizou menções à primeira-dama Michelle Bolsonaro em diálogos registrados no celular do policial militar.

"Se criou um folclore sobre as pessoas envolvidas. E ainda tem um folclore sobre as pessoas envolvidas. Um é o CEO, o outro é a Michelle [Bolsonaro], o presidente", destacou, alegando nunca ter se apresentado como CEO da companhia. "Ele sempre soube que eu era só mais um vendedor da Davati no Brasil".

Dominguetti tratava Cristiano como CEO da Davati no Brasil, mas o dono da empresa, Herman Cardenas, disse que a testemunha desta quinta era apenas um vendedor autônomo que representou a sua companhia nas tratativas com o Governo.

Requerimentos aprovados

Nesta quinta, a CPI da Covid aprovou 34 requerimentos nesta quinta-feira. Dentre eles, um pedido da CPI para ter acesso aos registros de entrada no Ministério da Saúde do reverendo Amilton Gomes da Paula, o vendedor de vacinas Luiz Paulo Dominghetti Pereira e o representante da Davati no Brasil, Cristiano Alberto Carvalho.

Também foi aprovado outro requerimento que autoriza o acesso da comissão ao contrato entre a Precisa e a Bharat Biotech, o qual foi mencionado diversas vezes durante o depoimento da diretora técnica da Precisa Medicamentos, Emanuela Medrades.

A Comissão também solicitou que, no prazo de dez dias, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, preste informações sobre a VTCLog.

Outro requerimento aprovado é a autorização e colaboração da equipe técnica da CPMI das Fake News para auxiliar os trabalhos da CPI da Covid. Além disso, requer o compartilhamento das informações obtidas pela CPMI das Fake News sobre os dados enviados pelo WhatsApp e pelo Facebook.

A CPI também solicitou que o Facebook preste informações sobre os conteúdos ligados a contas do Governo Federal que teriam sido impulsionados ou que receberam alta visualização na plataforma. A CPI já havia, anteriormente, convocado representantes de sites e redes sociais.

Além desses, a CPI pediu acesso a todos os e-mails recebidos por três endereços do Ministério da Saúde, entre eles o referente à Secretaria Executiva, para verificar todas as conversas e negociações que foram feitas para a compra de vacina.