CPI: Presidente da Aspramece fala sobre movimentação de verbas e relação de Capitão Wagner com motim

Estão previstos testemunhos de quatro presidentes de associações militares na sessão desta terça (3)

Em uma nova oitiva, a CPI das Associações Militares iniciou a sessão desta terça-feira (3) com o depoimento do presidente da Associação de Praças da PM e do Corpo de Bombeiros (Aspramece), Pedro Queiroz. O depoente foi questionado sobre a movimentação financeira da entidade e a participação nas mobilizações dos policiais e bombeiros militares no final de 2019 e início de 2020. 

Queiroz também foi indagado a respeito da relação com o deputado federal licenciado Capitão Wagner (UB) e sobre eventuais convites feitos, por parlamentares, para participação da Aspramece no movimento paredista. "Em relação ao chamamento para o movimento, não houve nenhum", ressaltou o depoente. 

Durante a sessão desta terça-feira foram ouvidos quatro presidentes de associações militares. Além de Pedro Queiroz, prestaram depoimentos: 

  • Homero Catunda, presidente da Associação dos Oficiais da PM e do Corpo de Bombeiros Militar do Ceará (Assof);
  • Euriano Santabaia, presidente da Associação dos Subtenentes e Sargentos da PM e do Corpo de Bombeiros (ABSS);
  • Emerson Carlos Vieira de Araújo, presidente da Associação das Praças da Região do Cariri (Asprac).

Movimentações financeiras

Relator da CPI das Associações Militares, o deputado estadual Elmano Freitas (PT) indagou Pedro Queiroz a respeito das movimentações financeiras da Aspramece. Uma delas diz respeito a como são feitos os pagamentos pela entidade, se por saques 'na boca de caixa' ou por transferências. 

"Exclusivamente feita por transferência, com dois comandos, de presidente e tesoureiro. Uma conta em que se um só operar, não haverá resultado nenhum", ressaltou Pedro Queiroz.

O valor de saques 'na boca do caixa' foi um dos principais alvos de questionamentos dos integrantes da CPI durante os depoimentos relacionados a Associações de Profissionais da Segurança (APS) - entidade que já foi presidida por lideranças da oposição, inclusive Capitão Wagner e o vereador de Fortaleza, Sargento Reginauro (UB). 

Ainda respondendo a indagações de Elmano, Pedro Queiroz afirmou que nenhum diretor da Aspramece pediu para sair após o início do motim dos militares em fevereiro de 2020. 

O depoente disse ainda que houve gasto da associação durante mobilização dos militares no final de 2019, quando foram realizados atos na Assembleia Legislativa do Ceará sobre o reajuste salarial da categoria. "(Para) Algumas camisas", disse sem saber precisar o que teria escrito nas camisas ou quantas foram adquiridas. 

"Mas em 2020 não houve mais nenhum investimento nessa mobilização não", acrescentou o presidente da entidade. 

Relação com parlamentares

Pedro Queiroz também foi questionado, pelo deputado Soldado Noélio (UB), sobre a satisfação com o resultado da negociação junto ao Governo a relação de políticos com a mobilização que resultou no motim. "Capitão Wagner, Sargento Reginauro ou algum outro político lhe convidou ou convidou alguém da Aspramece pra fazer paralisação?", acrescentou Noélio.

Sobre o resultado da negociação, ele ressaltou que não foi satisfatório, mas aceitaram, em um primeiro momento, porque foi o oferecido. "Em relação ao chamamento para o movimento, não houve nenhum. Em nenhum momento, eu fui convidado diretamente ou indiretamente para participar de algum movimento paredista no Ceará", pontuou Queiroz.

Em seguida, Noélio perguntou se o presidente da Aspramece achava que Capitão Wagner havia liderado a greve.

"Se ele foi lá em algum momento, acho que ele foi usando as prerrogativas de parlamentar. Como Capitão Wagner, quero crer que ele não tenha ido. Ele foi como parlamentar do Congresso Nacional conversar com os colegas - pelo menos do que vi na mída - para ver se teria alguma possibilidade de recuo daquele movimento. É o que tenho emblematicamente da pessoa dele naquele momento", respondeu o presidente da Aspramece.

Fim dos depoimentos

Com os quatro depoimentos realizados nesta terça-feira (3), todos os presidentes de associações militares convidados pela CPI como testemunhas foram ouvidas pela comissão. O presidente do colegiado, Salmito Filho (PDT), afirmou que nova sessão deve ocorrer na próxima terça (10).