Após o presidente Jair Bolsonaro (PL) cumprir uma série de agendas no Nordeste em torno da transposição do Rio São Francisco, inclusive com liberação das águas no Ceará para o Cinturão das Águas, o pré-candidato à presidência da República e ex-ministro Ciro Gomes (PDT) disse que os discursos de Bolsonaro sobre a obra são "fraudes ficcionais".
"Essa gente de Brasília, de lado a lado, pensa que nós somos todos um bando de burros, de idiotas, e ficam tentando fazer essas fraudes ficcionais. Todo mundo sabe que a transposição do São Francisco foi uma obra do (ex-presidente) Lula. E se eu puder, com a mesma franqueza e sinceridade, lembrar que eu, Ciro Gomes, montei, licenciei e iniciei o projeto das tomadas das águas do Eixo Norte e do Eixo Leste, o resto é manipulação e mentira", afirmou.
Ciro foi ministro da Integração Nacional durante o Governo Lula. Em janeiro deste ano, o ex-governador chegou a dizer que "tirou do papel uma obra que era falada desde os tempos do império".
Em visita ao Ceará na terça-feira (8), Bolsonaro defendeu atuação da sua gestão na conclusão da transposição e aproveitou para fazer críticas ao PT. "O que foi desviado da Petrobras daria para fazer 50 transposições, então olha o atraso que o Brasil experimentou com quem ocupou a Presidência, que tinha compromisso apenas com o próprio bolso e com o poder", disse o mandatário em Jati, no Cariri.
O movimento do presidente no Nordeste acontece também em um cenário de desgastes junto ao eleitorado nordestino. Além do Ceará, ele esteve também em Pernambuco e no Rio Grande do Norte.
"Vamos dizer a verdade, a obra (da Transposição) não funcionava porque não teve a prioridade devida nos governos anteriores. Estamos, hoje, resgatando uma dívida histórica (...) O presidente Bolsonaro nos orientou que não deixássemos nenhuma obra paralisada, que levássemos o Nordeste no coração e abraçassemos quem mais precisa", ressaltou, em Jati, o ministro Rogério Marinho, do Desenvolvimento Regional.
OBRA HISTÓRICA
Iniciada no segundo mandato de Lula, a obra da transposição atravessou os governos Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (MDB), seguindo na gestão Bolsonaro. O emedebista, em 2017, inaugurou o começo do Eixo Leste.
Já em 2020, Bolsonaro deu início ao funcionamento de uma parte do Eixo Norte. Quando o atual presidente assumiu, a execução física já estava acima de 90%. A possibilidade de canalizar as águas do São Francisco foi pensada ainda no Império, mas o projeto atualmente executado é diferente do pensado à época.