O senador Cid Gomes (PDT) convocou uma reunião extraordinária do PDT Ceará para manhã desta quarta-feira (8), na sede da sigla no Ceará. O encontro ocorre horas antes da reunião nacional do partido que pode destitui-lo do comando da sigla no Estado.
Na pauta, o parlamentar pretende tratar da "situação político-administrativa do Diretório e da Executiva Estadual", além de avaliar o processo ético-disciplinar que pode tira-lo da presidência do PDT Ceará.
Também nesta quarta-feira (8), a Executiva Nacional terá encontro na sede do partido em Brasília, às 18 horas, para apreciar o relatório da Comissão de Ética da legenda sobre a decisão de intervir na cúpula cearense — a expectativa é de que a medida seja ratificada. No último dia 27 de outubro, a cúpula nacional do PDT abriu um processo de destituição do comando do PDT Ceará, Cid reagiu e, na última segunda-feira (30), classificou a decisão como “ilegal”.
Direito de defesa
No edital de convocação do encontro estadual divulgado nesta terça-feira (7), Cid alega que foi informado do processo disciplinar nacional e diz que não "pode exercer o direito de defesa em nome de todos os membros do órgão regional". Ele argumenta que "há a necessidade de discutir os termos da defesa com os respectivos membros em reunião extraordinária".
Inicialmente, a ala de Cid no Ceará planejava uma reunião para quinta-feira (8), mas o senador antecipou o encontro.
ENTENDA A CRISE
Desde a pré-campanha do ano passado, o clima interno no PDT é de guerra. A própria intervenção no diretório cearense do partido foi acatada após uma longa queda de braço da ala liderada pelo senador Cid Gomes e do outro grupo, sob comando do ex-ministro Ciro Gomes (PDT), seu irmão.
Os dois divergiram ainda em meados de 2022 sobre a candidatura pedetista para o Governo do Ceará. Cid defendia uma chapa liderada pela então governadora Izolda Cela (sem partido), já Ciro articulou a candidatura do ex-prefeito Roberto Cláudio (PDT), que acabou derrotado nas urnas.
Soma-se a isso o impasse pedetista sobre embarcar oficialmente no Governo Elmano ou fazer oposição ao chefe do Executivo estadual. Em junho deste ano, o tensionamento chegou a um novo capítulo quando Cid Gomes, incentivado por seus aliados, passou a investir para tornar-se presidente do PDT Ceará.
Ele até conseguiu chegar ao cargo após um acordo com o presidente estadual e nacional interino do PDT, o deputado federal cearense André Figueiredo. Contudo, sob o comando de Cid, a sigla no Ceará autorizou a desfiliação do presidente da Assembleia Legislativa do Ceará (Alece), Evandro Leitão (PDT).
Mais que deixar o partido, o parlamentar é cotado para disputar a Prefeitura de Fortaleza em alguma chapa que faça oposição ao prefeito José Sarto (PDT). A carta de anuência abriu uma nova frente da crise na legenda a ponto de o comando da sigla no Estado ser retomado por Figueiredo.
Em resposta, Cid e seus aliados convocaram o diretório e elegeram uma nova Executiva, com o senador no comando do partido no Ceará. A reação dos aliados de Ciro ocorreu justamente na reunião do último dia 27 de outubro, que decidiu pela intervenção no Estado e agora passará por análise em Brasília nesta quarta-feira.
Presidente nacional interino do PDT, o deputado federal André Figueiredo foi procurado pela reportagem via assessoria de imprensa. O Diário do Nordeste aguarda retorno do pedetista.