Candidato ao Governo do Ceará, Capitão Wagner (União Brasil) afirmou que o aumento da violência no estado não é algo possível de "resolver da noite para o dia", mas que a solução passa por "aumentar as oportunidades para os jovens". Ele defendeu a capacitação profissionalizante, em parceria com institutos de ensino.
Um dos principais focos, segundo o candidato, é a formação na área de tecnologia. A meta é que 50 mil jovens sejam colocados, por ano, no mercado de trabalho.
"É possível diminuir muito esses índices de violência se a gente investir em educação, para capacitar os jovens e colocar no mercado de trabalho. Já tenho o compromisso com o reitor do IFCE (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará) de que nós temos condições de fazer uma parceria para colocar no mercado de trabalho 50 mil jovens por ano".
Ele afirmou que, se eleito, o Governo será o responsável ainda por ser um mediador com o setor produtivo, para que os jovens capacitados possam chegar aos postos de trabalho no Ceará.
Capitão Wagner é o terceiro e último entrevistado pela TV Diário e Verdinha em série de entrevistas realizadas dentro da cobertura eleitoral do Sistema Verdes Mares em 2022.
Investimento em inteligência
Ainda na segurança, Capitão Wagner afirmou que terá como prioridade o investimento em inteligência para a prevenção de crimes no Ceará. Ele admitiu que houve "boa vontade" de governos anteriores para tentar resolver o problema da violência, mas afirmou que faltou "pulso firme".
Ele propôs a criação de um escritório de inteligência no Ceará, em parceria com o FBI - instituição de segurança dos Estados Unidos - e com a Polícia Federal. "Se trabalharmos com inteligência, estratégia e pulso firme, conseguiremos nos antecipar aos atos criminosos", destacou.
O candidato disse ainda que pretende investir na capacitação dos policiais militares e criticou a falta de retorno dos recursos aplicados na segurança pública do Ceará nos últimos governos. "Houve muito gasto, porque investimento é o que tem retorno", argumentou.
Para Capitão Wagner, é necessário que, em comunidades mais afetadas pelo crime organizado, seja necessário ampliar os serviços oferecidos pelo Governo - como a garantia de urbanização e de equipamentos de esporte e cultura.
"Se tivermos o entendimento que a presença do estado nessas comunidades dominadas pelo crime organizado precisa ser além da policial, vai sim resolver o problema da segurança".
A eficiência, nestes casos, estaria não na prisão dos criminosos, mas na prevenção de que os atos de criminalidade ocorram no Estado, aponta o candidato. "A polícia mais eficiente é a que evita o acontecimento do crime", afirma.
Parceria com as igrejas
Ainda com foco em chegar a comunidades e jovens, principalmente em áreas com maiores índices de violência e criminalidade, o candidato propôs parceria com igrejas como forma de dar capilaridade a, por exemplo, cursos complementares.
"A igreja tem espaços físicos que ficam ociosos durante a semana. Uma das formas que as igrejas podem nos ajudar é oferecer esses espaços para cursos profissionalizantes, atividades esportivas e atividades culturais. A igreja cede o espaço e o Estado entra com a contratação.
Capitão Wagner afirmou que a proposta é uma forma de economizar com as estruturas, uma vez que "em vez de construir em um bairro, eu uso a sala de aula que já está na igreja". Os recursos poderiam, assim, ser investidos nas contratações e equipamentos necessários para essas atividades.
Essa utilização dos espaços físicos de igrejas seria feita por meio de convênios, explicou o candidato. "Convênios que permitam que a comunidade seja assistida garantindo serviços na ponta, onde muitas vezes o Estado não está presente", detalha.
Implementação de serviços nos hospitais
Apesar de fazer oposição aos governos anteriores, Capitão Wagner elogiou a estrutura criada na rede estadual de Saúde por essas gestões. Ele citou como bom exemplo a rede de Hospitais Regionais, mas afirmou que ainda existe problema no oferecimento de serviços necessários à população.
O candidato propôs a implantação, nestas unidades de saúde, de serviços oncológicos e de saúde mental. "O maior problema que tivemos hoje é o problema de saúde mental. A gente precisa criar uma rede de saúde mental para dar segurança para essas pessoas", afirmou.
Ele citou o fato de que internações relacionadas a problemas vinculados à saúde mental é possível apenas no Hospital de Messejana. "Temos convicção que prevenir nessa área é importante, a gente vai evitar uma série de prejuízos", completou.
O candidato reforçou ainda a importância de firmar parcerias com entidades filantrópicas como forma de ampliar a rede estadual de saúde e se comprometeu a convocar os aprovados pelo concurso da FunSaúde, realizado pelo Governo do Ceará.
Ampliação dos colégios militares
O candidato também elogiou a área de Educação da atual gestão e prometeu ampliar as instituições de ensino no Estado. "A escola em tempo integral é necessário que seja ampliada. Ocupar o jovem o dia todo com educação, com cultura, com reforço escolar, com esporte, é extremamente saudável", afirmou.
Ele afirmou que também pretende fazer parceria não apenas com os campi do IFCE como com as 120 escolas profissionalizantes, como forma de ampliar essa formação no Estado. Além disso, ele propõe aumentar de 4 para 30 o número de colégios militares no território cearense.
"Às vezes o pessoal faz polêmica, mas eu acho que é uma polêmica desnecessária, (porque) é um exemplo de sucesso aqui no Estado", defendeu.
Parceria eleitoral com Bolsonaro?
O candidato do União Brasil voltou a reforçar a posição de focar no debate local durante a campanha eleitoral.
Apesar do presidente Jair Bolsonaro (PL) ter, por mais de uma vez, demonstrado apoio explícito à candidatura, Wagner afirmou que o "amplo palanque" no Ceará "não permite que tenha posicionamento por uma única candidatura".
Ele lembrou que o próprio União Brasil, partido que preside no estado, possui uma candidata na disputa pela presidência da República, Soraya Thronicke. Além dela e de Bolsonaro, partidos que integram a coligação de Wagner possuem outras candidaturas lançadas ou apoiam nomes distintos na corrida presidencial, como Simone Tebet (MDB) e mesmo o ex-presidente Lula (PT).
"Cada partido, no primeiro turno, vai trabalhar para defender seu nome, sua candidatura. Se tiver segundo turno a nível federal, a gente vai avaliar. Mas hoje, o nosso foco é o cearense, é o estado do Ceará".
Ele comentou a declaração do seu candidato a vice, Raimundo Gomes de Matos (PL), de que gostaria de envolver a primeira-dama Michelle Bolsonaro na campanha eleitoral do Ceará. "Se a primeira-dama vier para cá, não há problema algum em a gente acompanhar a agenda, assim como se a Soraya vier ou qualquer outro (candidato) a presidente", disse.
Agir "como determina a lei" em caso de motim
Alçado como liderança política ainda durante o motim de policiais militares em 2012, Capitão Wagner participou - já como deputado federal - das negociações que antecederam a paralisação dos agentes de segurança em 2020.
Com forte ligação com a Polícia Militar, o candidato afirmou que pretende instituir, se eleito, um fórum permanente de negociação com a categoria "para evitar que se repita esse fato lamentável que aconteceu de novo em 2020".
O objetivo, segundo ele, é que os agentes possam compreender "a capacidade financeira que o Estado tem para atender as suas demandas e quais são as suas prioridades".
Indagado sobre qual seria a sua reação caso voltasse a ocorrer um motim, Capitão Wagner afirmou que irá "agir como determina a lei". "A gente vai ter que usar o que detemrina a lei para que os responsáveis sejam punidos", garantiu.