Senador eleito Eduardo Girão promete esforços pela Transposição do São Francisco

Parlamentar participou de audiência pública na Assembleia Legislativa sobre crise hídrica

Senador eleito pelo PROS, Luís Eduardo Girão se reuniu na tarde desta segunda-feira (10) com a Comissão Especial para Acompanhar e Monitorar as Obras do Rio São Francisco, da Assembleia Legislativa, e se comprometeu em interceder “de forma integral” para que o Governo Federal conclua as obras no próximo ano.

“Fiquei feliz em ver um depoimento dele (Bolsonaro) de que essa questão da Transposição é prioridade. Tem 11 mil obras paradas no Brasil, e não tem dinheiro para isso tudo. Então, ele colocando como prioridade, nós vamos cobrar, nós vamos estar lá em Brasília para cobrar para que o quanto antes possível seja atendida essa demanda local”, disse Girão, que assegurou que seu gabinete em Brasília “não estará aberto, estará escancarado” para debater o problema. 

Participaram do encontro, no Salão Nobre da Presidência da AL, o deputado Carlos Matos (PSDB), presidente da Comissão criada em maio de 2016, o secretário adjunto dos Recursos Hídricos, Ramon Rodrigues, e representantes de DNOCS, Funasa, Cogerh, Funceme e também dos perímetros irrigados do Estado. “Estamos nos cercando de técnicos que já têm histórico, conhecimento, competência, para que a gente possa defender os interesses do Ceará e da Região no País”, afirmou o senador eleito. 

Obras  

Durante a reunião, o secretário-adjunto Ramon Rodrigues citou algumas dificuldades relativas à Transposição. “Eu acompanhei bem, e nessa obra nunca faltou dinheiro. Mas é muito difícil, por conta de que teve muito problema de projeto, muito problema de definição, e foi necessário esse tempo que está aí. E hoje nós sabemos que essa obra vai chegar aqui, essa água vai chegar”. 

Porém, para um importante trecho da Transposição, o Ramal do Apodi, sim, ainda faltam recursos. Cerca de R$ 2 bilhões, para uma obra que sequer foi licitada. Problema que fez o Governo do Ceará improvisar, via Cinturão das Águas, um outro caminho, de pouco mais de 260 km, para que o São Francisco aporte no município cearense de Jati, e as águas possam se encaminhar ao açude Castanhão. “O São Francisco não está pronto para o Ceará. Nós perdemos 50% da água, praticamente, [com a evaporação decorrente da não conclusão do Ramal do Apodi]. O senador eleito esteve presente e se comprometendo já com essa pauta para ser trabalhada em Brasília”, afirmou o presidente da Comissão Especial, deputado Carlos Matos (PSDB). 

Segundo o governador Camilo Santana, a inauguração da obra entre Salgueiro-PE e Jati-CE deve ocorrer entre os dias 26 e 28 de dezembro, com a presença do ministro da Integração Nacional, Pádua Andrade, e do presidente da República, Michel Temer. Para que a água chegue ao Castanhão, porém, o processo pode levar ainda quatro meses, o que dependeria de questões técnicas relativas ao bombeamento.  

Gestão da Transposição 

Ainda não está definido sobre quem recairá a responsabilidade pela gestão da Transposição, papel que inicialmente cabe à Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba, Codevasf, que, segundo o deputado Carlos Matos, não tem recursos nem competência para tal. A gestão, para ele, é o ponto mais preocupante do projeto. “Envolve a questão da manutenção dos canais, que tem um custo alto, e nós temos medo de que qualquer contingenciamento do orçamento possa prejudicar essa manutenção. O custo da energia também é extremamente elevado, custa R$ 300 milhões por ano, e a Codevasf vai ter que comprar no mercado, enquanto que, se fosse a Chesf, ela poderia comprar dela própria a um custo muito mais baixo. E a própria eficiência da gestão, a Codevasf não tem expertise nisso. Pode ser uma operação privada, que possa concorrer, como é feita em outras transposições no mundo, ou pode ser feito pela Chesf, que os técnicos estão apontando como a melhor solução, se for pública”, afirmou Matos. 

Crise hídrica  

A preocupação quanto ao abastecimento do Estado ganha força diante do quadro de 11% de carga média nos reservatórios cearenses (o Castanhão tem menos de 5%) e da momentânea indefinição quanto ao prognóstico para a quadra chuvosa, período que vai de fevereiro a maio e historicamente é o de maior acúmulo de precipitações, influenciado por um fenômeno meteorológico diferente do que provoca a pré-estação, em dezembro e janeiro.  

Meteorologista da Funceme, Meiry Sakamoto esclarece que, embora o aquecimento do Pacífico dê sinais de que o fenômeno El Niño estará presente no próximo ano, fator negativo para as chuvas no Nordeste, ainda é cedo para traçar o prognóstico, que deve ser feito oficialmente em 18 de janeiro. “É possível que ele seja um El Niño de fraco a moderado. Nessas condições, a gente acaba precisando de uma definição do Oceano Atlântico, que está dando uma sinalização que pode ser favorável, mas isso ainda não pode ser confirmado. Aguardando essa definição da natureza, a gente pode emitir uma previsão com grau de confiabilidade maior”, concluiu.