O grupo político mais alinhado ao presidente Jair Bolsonaro e os que formam a oposição ao governador Camilo Santana começam a se movimentar em busca de preparar o terreno para a disputa eleitoral de 2022 no Ceará. Partido que abrigou os aliados do presidente na eleição de 2018, o PSL já está preparando o terreno para a chegada de novos filiados, o que faz parte da estratégia eleitoral.
Quem garante é o presidente estadual da sigla, deputado federal Heitor Freire. Segundo ele, no dia 1º de agosto, o comando da legenda no Ceará será passado para o também deputado federal Capitão Wagner, hoje filiado ao PROS. Wagner, entretanto, não confirma que a decisão de transferência esteja tomada.
Segundo tem afirmado Wagner, convites de outros partidos também já surgiram, inclusive o Republicanos. Há ainda a possibilidade de permanecer no Pros, como admitiu o deputado ainda no fim de maio.
Estratégia
O PSL tem importante tempo de televisão, recursos a receber do fundo eleitoral e figura como uma das principais siglas de oposição no Ceará por deter um fundo partidário competitivo - razão que pode atrair também outros aliados de Wagner, mirando estrutura para a campanha.
Heitor Freire refrorça que ficará no cargo até agosto e assumirá o diretório municipal do partido. Ele dá como certa a ida do Capitão para dirigir o partido e articular internamente.
Jogo das cadeiras
Esse movimento desloca o vereador Marcelo Lemos da presidência do diretório em Fortaleza para a vice. Com a dança das cadeiras, Lemos deve disputar vaga na Assembleia Legislativa em 2022. "Se tiver estrutura, serei candidato", reconhece o vereador.
Por conta de questões legais, caso se confirmem as negociações com Wagner, ele não deve se filiar ao PSL de imediato. Segundo interlocutores, isso deve ocorrer apenas na janela partidária, em março de 2022.
Ainda de acordo com Freire - que manteve reuniões com o deputado do Pros recentemente - , um indicado de Wagner deve comandar a agremiação a partir de do segundo semestre. Esse nome ainda não foi definido.
O acordo está confirmado, inclusive com o presidente nacional do partido, Luciano Bivar. Eu passo o comando a partir do dia 1º de agosto, mas permaneço como vice-presidente estadual e presidente do PSL em Fortaleza.
Migração de aliados
A intenção é que o Capitão Wagner leve ao PSL boa parte do seu grupo. Com isso, deve haver espécie de debandada de partidos de oposição para a nova sigla.
Apesar dos movimentos de bastidores, Wagner evita falar publicamente da troca de partido. O parlamentar cearense se mantém como líder do Pros na Câmara dos Deputados, e continua com agendas relacionadas ao atual partido, sem fazer movimentos que indiquem troca de partido.
O parlamentar tem dito que a ida de aliados para o futuro partido é também um fator analisado para eventual mudança.
Uma aliança entre Pros e PSL na disputa pela Prefeitura de Fortaleza no ano passado chegou a ser ventilada, mas não se concretizou.
Heitor Freire foi candidato a prefeito e, no segundo turno, frustrando expectativa de Wagner, declarou "independência".
A reportagem tentou contato com o Capitão Wagner para confirmar as informações, mas as mensagens não foram respondidas, nem as ligações atendidas.