O retorno do pagamento do auxílio emergencial, após três longos meses de hiato, deveria significar alívio aos beneficiários que atravessaram um deserto de renda em meio ao agravamento da pandemia. Mas, para muitos, a saga em busca do dinheiro continua.
Agências da Caixa Econômica viraram iminentes antros de contaminação de Covid-19 com longas filas e aglomerações. São dois os motivos capitais.
Faltou comunicação
O primeiro deles é a ausência de um plano de comunicação eficaz do Governo Federal sobre a nova rodada de pagamentos.
- O calendário de depósitos só foi oficialmente divulgado poucos dias antes do início dos pagamentos;
- Os potenciais beneficiários só puderam checar se receberiam no dia 2 de abril, lembrando que no dia 1º a plataforma do Dataprev ficou fora do ar;
- Não houve tempo hábil e nem campanhas massivas para informar que, inicialmente, os pagamentos ocorrem apenas de forma digital.
Bloqueio no Caixa Tem
Em segundo lugar, um grande contingente de usuários do aplicativo Caixa Tem foi surpreendido com uma mensagem de bloqueio que orienta o beneficiário ir a uma agência da Caixa sanar o problema. Trata-se de uma questão de segurança para evitar fraudes, segundo o presidente do banco, Pedro Guimarães.
Além disso, as plataformas digitais do banco apresentaram instabilidade, conforme diversas reclamações de clientes nas redes sociais.
Ora, em pleno pico da pandemia, com o País a registrar 4 mil mortes em um só dia, três óbitos por minuto, não havia como a instituição financeira formular uma sistemática remota para evitar integralmente o deslocamento e a concentração de pessoas nas agências?
Imagens deploráveis
O resultado disso é triste de ver. Pessoas madrugaram hoje em agências de Fortaleza, dormindo ao relento, para garantir a resolução dos entraves criados pela Caixa, os quais só podem ser resolvidos presencialmente.
Embora medidas de segurança sejam necessárias para coibir defraudações, o rito exigido pela Caixa expõe os clientes ao risco sanitário e à humilhação, como se não bastasse a calamidade financeira que muitos destes têm sido obrigados a encarar por conta da lentidão do Governo Federal e Congresso em aprovar o retorno do benefício emergencial.