Misturar esporte e política não dá certo

No mundo todo, as tentativas de misturar eventos esportivos com política foram frustradas, já que são atividades incompatíveis

Muitos são os interesses de grupos políticos de toda ordem. O esporte, não raro, é usado para ser mostrado como força e acerto dos governos que disso tentam tirar proveito. Mas nem sempre dá certo. Em 1936, o ditador da Alemanha, Adolf Hitler, quis fazer da Olimpíada de Berlim cenário da superioridade da raça ariana. Aí, o corredor negro Jesse Owens, dos Estados Unidos, nas provas de 100m rasos, 200m rasos, salto em distância e revezamento arrasou a presunção do ditador. Owens ganhou as quatro medalhas de ouro. Hitler teve de meter a violinha no saco. Em 1950, na hora do almoço da Seleção Brasileira, antes da decisão da Copa com o Uruguai, apareceram na concentração Cristiano Machado, candidato à presidência da República, Ademar de Barros (apoiador do candidato de Getúlio Vargas) e o prefeito do Distrito Federal, Ângelo Mendes de Moraes. Tome discursos. O prefeito disse que cumpriu sua palavra ao construir o Maracanã e que agora cabia aos jogadores o dever de ganhar a Copa. O jogador Zizinho afirmou que tal “palanque” desconcentrou o grupo. Resultado: poucas horas depois, o Uruguai ganharia a Copa, até hoje a maior tragédia do futebol brasileiro. Senhores, não misturem as coisas. 

Sofrimento 

Os atletas são os que mais sofrem quando política e esporte se misturam. Em 1976, na Olimpíada de Montreal, a ginasta romena, Nadia Comaneci, com apenas 14 anos, assombrou o mundo pela perfeição de suas manobras (três ouro, uma prata e um bronze). O regime comunista romeno quis fazer dela símbolo das conquistas esquerdistas. Comaneci sofreu muito. Anos depois, fugiu do país. 

Forçaram a barra 

O tri mundial, conquistado pela Seleção Brasileira no México, foi obra genial de jogadores fantásticos como Pelé, Gerson, Jairzinho, Rivelino, Tostão e companhia, que nada tinham a ver com o regime de exceção dominante no país. Mas o setor de comunicação do governo Médici cuidou de fazer da conquista uma vitória do regime. Ora, uma coisa nada tinha a ver com a outra. 

Boicote 

Já houve no mundo vários boicotes a eventos esportivos. Os governantes, por razões religiosas, econômicas ou políticas, resolvem impedir que os atletas de seu país participem de determinada competição. Frustram os atletas, que se preparam durante anos para aquele momento. Depois, os países selam a paz, pouco importando o prejuízo causado ao esporte. Caras de pau mesmo. 

Símbolos 

Os quatro símbolos nacionais do Brasil são: a Bandeira Nacional, o Hino Nacional, o Brasão da República e o Selo Nacional. Portanto, a Seleção Brasileira não é um símbolo oficial do Brasil. Mas, pela identificação com o povo, passou a ser, como disse Nelson Rodrigues, “A Pátria de Chuteiras”. Deixem a Canarinho livre das amarras e das mazelas políticas. Deixem-na pronta para voar.