No mês de julho, enquanto Fortaleza recebia inúmeras atrações de fora do Estado em suas programações culturais, artistas cearenses fizeram o caminho contrário, levando nossa música, nosso teatro e nossa palhaçaria em apresentações e temporadas por lugares como Rio de Janeiro e São Paulo.
Contemplada pelo edital Sesc Pulsar, a produtora Peixe-Mulher aportou em terras cariocas com dois projetos. O primeiro foi o espetáculo Egoísta, que estreou neste ano, ganhou uma intensa temporada no Teatro 2 do Sesc Tijuca, apresentando a grande atuação de Ana Marlene e a história da mochileira Josefa Feitosa. A peça, dirigida por Juracy de Oliveira, conquistou os cariocas, especialmente as mulheres. A temporada termina no dia 4 de agosto e os dois últimos dias já estão com ingressos esgotados.
O segundo projeto, uma circulação por diversos teatros do Sesc, levou a drag queen Mulher Barbada aos palcos da capital e do interior, com o show BÁRBARA!, de seu primeiro álbum. Ao lado de Caio Castelo, Dândara Marquês, Joana Lima e Vladya Mendes - artistas que compõem sua banda - Barbada passou por Barra Mansa, Petrópolis, Teresópolis e Nova Iguaçu, além de shows em Copacabana e Ramos.
Nesse período, nos juntamos algumas vezes para celebrar os encontros fora do Ceará, já que eu estava em cartaz no Rio. É sempre bom se sentir em casa, estar entre os seus. Agora, levo meu solo Pequeno Monstro para São Paulo, em uma nova temporada no mês de agosto, no Itaú Cultural, gratuita.
Por falar em São Paulo, dos dias 18 a 27 de julho, aconteceu o Festival Internacional de Teatro de São José do Rio Preto e outros dois projetos artísticos cearenses passaram por esse que é um dos eventos mais importantes da cultura cênica: Tchau, amor e Grand Finale.
O primeiro é um espetáculo da Inquieta Cia. que tem texto e direção de Andreia Pires e conta com Geane Albuquerque, Gyl Giffony, Melindra Lindra e Wellington Fonseca no elenco, apresentando as impermanências e dificuldades dos laços entre pessoas e acontecimentos.
Por meio de uma performance de rua, a dupla Meu Xará e Seu Xará, do espetáculo do grupo As 10 Graças de Palhaçaria, vivida pelos artistas Abu e David Santos, refletem sobre as relações de trabalho em uma crítica bem humorada, encenando o enforcamento de um trabalhador da cultura.
Que mais trabalhos cearenses consigam circular pelo país seja por meio dos festivais de teatro, por editais de investimento em cultura ou pelo olhar dos curadores de casas e institutos. O Ceará está repleto de artes e artistas que merecem ganhar o mundo.
*Este texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor