O mercado financeiro parece estar resistente às sinalizações da gestão Federal sobre as empresas públicas. Segundo análise de especialistas em investimentos, as companhias privadas estaduais são as únicas que deverão trazer resultados positivos para quem decidir comprar ações durante 2023.
Segundo Márcio Landim, sócio da SWM Investimentos, as empresas controladas pelo Governo Federal deverão ter mais resistência geral pelo mercado, que poderá buscar mais companhias ligadas a governos estaduais. Entre as melhores opções, ele destacou a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) e a Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais).
Já privatizada, a Eletrobras foi apontada como uma das empresas ligadas aos Governo Federal que poderá dar bons retornos aos investidores em 2023.
"A gente não pode considerar só as Federais, mas que existem empresas estaduais na Bolsa de Valores, e nessa análise, considerando a conjuntura, as empresas federais não estão atrativas para se investir. O risco político é muito grande, então os papéis que são atrativos são de algumas empresas estaduais, como a Sabesp, que é interessante", disse.
"Existe um potencial que ela seja privatizada e isso elava o potencial de valorização, apesar de que ela diminuiu o percentual de 'upside'. Outro papel é a Cemig, que está rodando muito bem no Governo de Minas", completou.
Veja algumas empresas estatais listadas na Bolsa de Valores:
- Petrobras (PETR3, PETR4)
- Eletrobras (ELET3, ELET5, ELET6)
- Banco do Brasil (BBAS3)
- BB Seguridade (BBSE3)
- Copel (CPLE6, CPLE11)
- Cemig (CMIG3, CMIG4)
- Sabesp (SBSP3)
- Sanepar (SAPR3 , SAPR4, SAPR11)
- Banrisul (BRSR3, BRSR5, BRSR6)
- Copasa (CSMG3)
- Caixa Seguridade (CXSE3)
Impactos sobre a Petrobras
A perspectiva foi corroborada por Thomaz Bianchi, sócio da M7 Investimentos, que destacou os possíveis impactos da atual gestão Federal sobre a Petrobras. Com os agentes de mercado temendo um aumento do nível de intervenção na estatal, a expectativa é de redução dos ganhos com os investimentos em ações.
"As empresas quando são utilizadas como forma do Governo para a questão pública sem fim lucrativo, ela perde a atratividade para os investidores. O que acontece é que, quando uma empresa é paramentada por entes públicos e tira o viés de lucro, ela perde a atratividade" disse.
Depois que a Petrobras teve o anúncio de um cargo não técnico, isso fez com que ela sofresse na Bolsa, e o mercado está de olho para ver ser o Governo terá um viés mais intervencionista, com foco em obter benefícios em prol do político ou ter uma pegada mais parecida com uma empresa privada, tendo o Governo ganhando pelos lucros"
Contudo, Bianchi reforçou que será preciso acompanhar as próximas decisões da gestão da Petrobras para entender como as ações da empresa deverão evoluir durante o ano. A última sinalização de Jean Paul Prates, senador pelo PT e indicado à presidência da companhia, de que a política de preços não seria alterada, deu novos ânimos ao mercado.
"O novo presidente da Petrobras deu uma sinalização que não ia mexer na política de preços e isso impacta muito nos resultados financeiros da empresa, e isso soou positivo para o mercado. Então é importante ficar de olho no viés do novo governo, porque não se vê algo muito positivo para as empresas estatais", explicou.
Setores beneficiados
Apesar das expectativas pouco positivas para as estatais em 2023, os analistas de mercado destacaram que algumas políticas estatais poderão impulsionar setores da economia e gerar bons resultados para investidores na Bolsa.
Segundo Bianchi, os segmentos de educação, impulsionado pelo Fies (Fundo de Financiamento Estudantil), e construção civil, pelo programa Minha Casa Minha Vida, poderão gerar boas oportunidades.
"O que se deve se beneficiar é o que já se entende como reflexo do que já foi sinalizado, como as empresas educacionais, mas não temos empresas estatais nesse setor que podem se beneficiar. Mas as empresas impulsionadas pelo Fies poderão ter retornos, além das empresas relacionadas ao Minha Casa Minha Vida, que sempre foi uma marca do Governo Lula e Dilma, focado no setor de construção civil", projetou.