A variação da pressão arterial para níveis abaixo dos valores de referência (12 por 8) não necessariamente pode ser considerada uma doença, porém há casos em que é preciso ficar em alerta. A hipotensão, segundo o cardiologista David Neto, é definida por valores pressóricos abaixo de 90 mmHg x 60 mmHg, ou de forma mais popular, 9 por 6.
O médico explica que a hipotensão deve ser considerada como de maior gravidade “quando acompanhada sintomas como tontura, desmaio, suor frio e palidez, pois por trás destes sintomas podem estar envolvidas doenças graves como arritmias cardíacas, hipotireoidismo e infecções generalizadas”.
Segundo o especialista, a hipotensão pode ser causada devido a três mecanismos e, quando a pressão está abaixo de 9 por 6, a pessoa pode sentir indisposição, diminuição da força, fraqueza, pele fria, suor frio, visão turva, tontura, taquicardia, desmaio, respiração ofegante e confusão mental.
“De uma forma mais didática, as causas da hipotensão ocorrem devido a três mecanismos: Dilatação das artérias e arteríolas (causada por infecções bacterianas graves, uso de alguns medicamentos específicos e reações alérgicas), Doenças cardíacas [Ataque cardíaco, Taquicardias (batimentos cardíacos muito rápidos), Bradicardias (batimentos cardíacos muito lentos) e por Arritmias (ritmo cardíaco anormal)] e por diminuição do volume sanguíneo (Desidratação e Hemorragias)”.
No caso de situações aguda de hipotensão, o médico aconselha como primeira atitude deitar a pessoa e erguer suas pernas acima do nível da cabeça. Essa ação ajuda a acelerar o retorno do sangue para o coração e o cérebro, “pois nas posições de pé ou sentado, o sangue precisa vencer a força da gravidade para chegar a esses órgãos”.
O segundo passo orientado pelo especialista é oferecer água em pequenos goles. Ele detalha que esse procedimento ajuda a aumentar o volume sanguíneo circulante e compensar a queda de pressão. O médico reforça, no entanto, que, se a sensação de desmaio persistir, deve-se evitar dar qualquer tipo de bebida ou alimentos, pois pode provocar engasgamento.
“Água de coco ou suco de laranja também funcionam muito bem e, se o paciente tiver condições de mastigar, um biscoito salgado pode ajudar porque o estímulo da digestão vai ativar a circulação e os batimentos cardíacos fazendo a pressão subir”.
Um detalhe ressaltado pelo profissional é que colocar uma pitada de sal embaixo da língua quando a pessoa apresenta sintomas pressão baixa, como tontura, dor de cabeça e sensação de desmaio, não ajuda a regular a pressão. “Isso porque o efeito do sal sobre a pressão sanguínea é progressivo e demora horas para acontecer e pode ser oferta uma quantidade excessiva do alimento que se torne prejudicial”.
Alimentação e hipotensão
A alimentação e, principalmente, a hidratação devem ter um cuidado especial daqueles que sofrem de pressão baixa. David Neto diz que é fundamental uma dieta diversa e balanceada, além da implementação do hábito de beber água.
“A desidratação, em especial, costuma ser a principal causa da queda de pressão, pois a diminuição de água reduz o fluxo sanguíneo do corpo. Além disso, para evitar o desequilíbrio da pressão arterial (e do sistema circulatório como um todo), o mais indicado é ter uma alimentação equilibrada e saudável, com todos os nutrientes necessários para o funcionamento do organismo”.
O médico citou alguns alimentos que podem ser priorizados em dietas de quem possui pressão baixa. Veja a seguir:
- Laranja e o limão, que são ótimos para hidratar o organismo;
- Castanha, rica em complexo B e ômega 3 e auxilia na prevenção tanto da hipertensão como da hipotensão;
- Chocolate meio amargo, que é fonte de teobromina, substância presente no cacau que combate a pressão baixa e ajuda no funcionamento do coração;
- Café, que possui cafeína em sua composição e ajuda a manter a frequência cardíaca, evitando possíveis queda da pressão;
- Dentre outros como: salmão, atum, nozes, tomate, alecrim, kiwi, mamão, gengibre e sementes de chia.
Sobre medicamentos para aumentar a pressão, o especialista afirma que existem remédios para esta função, porém, porém, devido aos riscos envolvidos com esta ação, devem ser exclusivamente prescritos por um médico.
Existe risco de praticar atividade física com a pressão baixa?
David Neto alerta que há riscos de praticar atividade física com pressão baixa. Ele detalhe que durante a vigência de uma hipotensão, a pessoa “sente tontura constante ou sempre que muda da posição deitada para a de pé, além de fadiga, sonolência, desmaios sudorese e pele fria. Neste cenário, há um risco iminente de quedas e traumatismos graves, principalmente nos mais idosos”.
Pressão baixa e gravidez
O médico explica que a queda de pressão durante a gravidez não é um problema e não necessita de uso de medicação. Segundo ele, durante o terceiro trimestre a pressão deve retornar ao nível arterial.
“A pressão arterial baixa na gravidez acontece porque seu corpo secreta hormônios em maior quantidade, que ajudam a relaxar as paredes dos vasos sanguíneos e aumentam o fluxo de sangue para a gestante e para o bebê. Eventualmente, a pressão arterial baixa pode ser indicativa de algum outro problema grave, como por exemplo, uma gravidez ectópica, na qual um óvulo fertilizado se implanta fora do útero. Além disso, se a pressão permanecer muito baixa, pode causar quedas ou choque, no qual o cérebro e outros órgãos vitais não recebem sangue suficiente para funcionar adequadamente”, detalha.
Riscos para idosos
Questionado sobre a hipotensão trazer mais riscos para alguma faixa etária, David explica que ela é comum em idosos, “ao levantar bruscamente, a presença de tonturas, fraqueza e sensação de desmaio. Esses sintomas podem ocorrer devido a uma condição conhecida como hipotensão postural (ou ortostática), ou seja, quando há uma queda na pressão arterial com a mudança da postura de deitado ou sentado para de pé”.
O médico afirma que a hipotensão postural atinge até 30% dos idosos e pode aumentar a mortalidade desse grupo etário em virtude das quedas e desmaios associados. “Além disso, pessoas na terceira idade com hipotensão estão mais propensas a ter maior declínio cognitivo. Sendo assim, o idoso apresenta dificuldades de memória, falta de atenção e problemas relacionados ao raciocínio lógico”.