Das cinco mulheres deputadas estaduais do Ceará, apenas uma tentará reeleição na AL-CE

Duas desistiram de tentar cargo político e outras duas disputarão as eleições para o Congresso Nacional

Em 2018, seis mulheres foram eleitas para a Assembleia Legislativa do Ceará - uma a menos do que nas eleições de 2014. Nos últimos quatro anos, o número caiu para cinco, após a eleição da ex-deputada Patrícia Aguiar (PSD) para a Prefeitura de Tauá. 

Para a próxima legislatura, com o processo eleitoral de 2022, o cenário de representação feminina é cada vez mais incerto, inclusive porque das atuais cinco deputadas, apenas uma tentará reeleição, ou seja, usará a bagagem política conquistada nos últimos anos para tentar manter a atuação.

Na noite da segunda-feira (15), último dia para o registro de candidatura, a deputada Érika Amorim (PSD) anunciou a desistência de disputar a reeleição. Ela ressaltou o foco na candidatura do esposo, o ex-prefeito de Caucaia Naumi Amorim, derrotado na tentativa de reeleição em 2020.

"Eu entendo que a minha família, os meus filhos, que são meu maior tesouro, precisam mais de mim nesse momento. Então, eu decidi para estar mais presente com a minha família, para atuar também junto às nossas empresas, cuidando, ajudando, mas de forma alguma eu deixarei de trabalhar, eu deixarei de lutar pelo que acredito", disse Érika em publicação nas redes sociais.

Menos de 24 horas depois, Érika e o esposo anunciaram apoio à candidatura a deputado estadual do ex-prefeito de Orós Simão Pedro (PSD).

Quem também não vai disputar nenhum cargo é a deputada Aderlânia Noronha (SD). Em 2014, quando disputou a eleição pela primeira vez, foi a segunda deputada estadual mais votada, com 97.172 votos. Ela também é a primeira mulher a compor a Mesa Diretora da AL-CE.

Tanto Aderlânia, com seu esposo, o deputado federal Genecias Noronha, que também não é candidato em 2022, estão engajados em eleger um dos filhos do casal, Mateus Noronha (PL), que estreia na política como candidato à Câmara dos Deputados.

Aderlânia foi procurada pela coluna para falar sobre a decisão, mas não respondeu até a publicação.

Outros cargos

Quem também não tentará voltar à Assembleia são as deputadas Augusta Brito (PT) e Fernanda Pessoa (União Brasil).

Primeira mulher vice-líder do Governo no Legislativo estadual, Augusta Brito é candidata como primeira suplente ao Senado em chapa com o ex-governador Camilo Santana (PT).

Já Fernanda Pessoa vai disputar cargo de deputada federal após três mandatos na Assembleia. 

Reeleição

A única a tentar reeleição é a deputada Dra. Silvana. No segundo mandato, ela é candidata em dobradinha com o marido, o deputado federal Dr. Jaziel.

A baixa presença das mulheres no cenário político tem se repetido nas últimas eleições, mesmo com regras previstas pela legislação eleitoral. 

Desde 1997, os partidos são obrigados a lançar para o Legislativo pelo menos 30% de candidatas. 

Neste ano, foi promulgada lei que determina que "o montante do fundo de financiamento de campanha e da parcela do fundo partidário destinada a campanhas eleitorais, bem como o tempo de propaganda gratuita no rádio e na televisão a ser distribuído pelos partidos às respectivas candidatas, deverão ser de no mínimo 30%, proporcional ao número de candidatas”.

Mesmo assim, ter uma candidatura competitiva de fato ainda é um grande desafio. A saída de mulheres com mandato da disputa é um fator que enfraquece as chances de serem aumentadas as representações femininas nos poderes. A ver o resultado das urnas com as novas candidatas que se apresentam em 2022.