O avanço do marco legal do hidrogênio verde tem colocado as empresas interessadas em posição de largada, já que a regulação permitirá aos empreendedores certa segurança nos investimentos.
Considerando que, para a produção do H₂V, é necessário um volume robusto de energia limpa, não passam despercebidos os grandiosos aportes privados (e intenções) em energia eólica e solar para dar suporte a esse mercado promissor.
Há menos de dez dias, a chinesa SPIC inaugurou o Complexo Panati, de energia solar, em Jaguaretama. Em entrevista ao Diário do Nordeste, a CEO da subsidiária da SPIC no Brasil, Adriana Waltrick, disse que a empresa aguarda apenas a regulação do setor para dar andamento aos projetos de hidrogênio verde. "Não só nós, mas acreditamos que outras empresas tratarão de implementar projetos piloto para em seguida fazer a escala comercial".
A SPIC é uma das 37 empresas que assinaram Memorandos de Entendimento (MoU) para a produção de H₂V no Estado. Assim como Adriana disse, a SPIC não é a única que está atenta para sair na frente quando o assunto é hidrogênio verde.
A White Martins — com MoU assinado junto ao governo estadual desde 2021 — garantiu a esta coluna no início deste mês que a intenção para a planta de hidrogênio verde no Pecém "já saiu do papel" e será a maior operação do grupo no País com o combustível verde.
Em meio ao cenário em que os projetos de hidrogênio verde no Ceará parecem mais palpáveis, investimentos em fontes renováveis que possam fornecer energia para a produção de hidrogênio verde parecem andar em um passo mais acelerado. A Qair, por exemplo, já está em fase mais avançada do ponto de vista de licenciamento ambiental para a implementação de energia eólica offshore (dentro do mar) no litoral cearense.
A Qair é uma das empresas que assinaram MoU para a produção de hidrogênio verde e o interesse da empresa em parques eólicos offshore deve indicar que a geração será para produzir o combustível verde.
Eólicas offshore e hidrogênio verde
O consultor em energia e CEO da Energo, Adão Linhares, avalia que as eólicas offshore tem um potencial robusto de produção de energia limpa, o que se alinha de forma muito harmoniosa à produção de hidrogênio verde. “O que a energia eólica offshore representa do ponto de vista da transição energética? É o tamanho da produção em uma região de mar onde não há a dificuldade de arrendamento de terra”.
Na última sexta (28), o governo estadual anunciou que a Neoenergia, do grupo espanhol Iberdrola, assinou um MoU para o desenvolvimento de estudos conjuntos que incentivem projetos de geração de energia eólica offshore no litoral cearense, representando talvez mais uma prova de que os passos na corrida do H₂V estão acelerando.
“Quem vai poder suportar muito bem essa produção de hidrogênio verde é o offshore. Você pode ter o onshore (terra) e o solar, mas o off vai ser de grande importância, detalha Adão. “Será preciso muita energia para a geração de H₂V. Para você ter uma ideia, o Ceará gasta hoje 1,5 GigaWatts de energia. Os projetos de H₂V acertados e contratados já chegam a 6 Giga”, reforça o consultor.