O prefeito eleito de Fortaleza, Evandro Leitão (PT), vai iniciar seu mandato com uma pauta cheia, mas com dois itens específicos que exigirão diálogo intenso com a Câmara Municipal de Fortaleza, configurando o primeiro teste de sua base. A necessidade de aprovar uma reforma administrativa para criar três secretarias, fundir algumas e extinguir outras, além de apresentar uma proposta para eliminar a taxa do lixo criada na gestão Sarto.
No caso da taxa do lixo, a decisão política já está tomada. Trata-se de uma proposta defendida durante a campanha eleitoral. No entanto, ainda é preciso avaliar as receitas e formatar a engenharia financeira para cobrir os custos da coleta de resíduos.
Já o pacote administrativo inclui a criação de pastas que soam bem à opinião pública — Relações Comunitárias, Mulheres e Proteção Animal. No entanto, a ampliação da máquina administrativa contrasta com o discurso de eficiência que o prefeito eleito adotou durante a campanha, o que exigirá a extinção de algumas estruturas para viabilizar outras.
O primeiro desafio é o custo. Ao criar novas pastas, o prefeito precisará reorganizar o orçamento e convencer os vereadores de que o gasto extra se justifica. Nos bastidores, ainda não há sinais claros de resistência às novas secretarias, mas a condução do debate será crucial para estabelecer o tom da relação entre Executivo e Legislativo nos próximos anos.
Quanto à taxa do lixo, há um complicador adicional apontado pela equipe de transição do novo governo: as informações fornecidas pela atual gestão teriam sido insuficientes para embasar uma decisão imediata sobre o tema, o que pode atrasar o envio da proposta à Câmara.
O compromisso de extinguir a taxa foi usado como trunfo eleitoral por Evandro. Seus principais auxiliares afirmam que a medida será prioridade número um. A dúvida, no entanto, é se a proposta será submetida aos vereadores já em janeiro, em uma convocação extraordinária, ou somente em fevereiro, quando o recesso legislativo chegar ao fim.
Relação com o Legislativo
A relação com a Câmara promete ser um termômetro da nova gestão. Evandro chega ao comando do Executivo municipal com uma base ampla, mas heterogênea, que exigirá ajustes finos para funcionar. O governo precisará, inevitavelmente, ceder espaços estratégicos para acomodar os interesses dos parlamentares.
Nesse cenário, Evandro Leitão e a equipe de articulação política precisarão demonstrar mais do que habilidade: será fundamental equilibrar as demandas de uma base que vai de setores conservadores, como o Republicanos, a partidos tradicionais de esquerda, como o próprio PT.