O pedido de abertura de inquérito pela Procuradoria Geral da República para investigar Jair Bolsonaro por suposto crime de prevaricação joga ainda mais pressão sobre o governo federal e o próprio presidente da República.
A manifestação ocorre após a ministra do STF Rosa Weber ter negado um pedido da própria PGR para aguardar a conclusão das apurações da CPI da Pandemia sobre o caso "Covaxin" para analisar uma notícia-crime encaminhada por três senadores.
Mais do que negar o pedido, a ministra fez uma dura crítica ao Ministério Público Federal. Segundo ela, o texto constitucional não reserva ao PRG o papel de ser mero espectador dos fatos.
O inquérito, caso seja autorizado pelo Supremo, faz com que o presidente passe a ser investigado formalmente por prevaricação no caso da Covaxin denunciado pelo deputado federal Luiz Miranda e por seu irmão, servidor de carreira do Ministério da Saúde.
Caso ocorra, o inquérito vai elevar a temperatura em Brasília e ampliar o desgaste do presidente Bolsonaro que enfrenta ainda os efeitos da CPI da Pandemia, a queda de popularidade nas pesquisas e os protestos de rua contra seu governo, sobretudo no que se refere ao enfrentamento da pandemia.
A nova via de investigação ameaça forçar os ferrolhos que têm protegido o mandato do presidente, principalmente na Câmara dos Deputados, onde deram entrada mais de uma centena de pedidos de impeachment.
Aliado do Planalto, o presidente da Câmara, Arthur Lira tem deixado os pedidos acumulados.
Trâmite do pedido
O pedido de inquérito não significa que o presidente será denunciado ao fim dos 90 dias. Entretanto, com o cenário em ebulição, em que a cada dia surge uma denúncia diferente, é uma possibilidade real que ao fim deste inquérito, o presidente possa ser denunciado por crime comum.
O caso iria à apreciação da Câmara, não mais do seu presidente, mas do plenário, onde é necessário um quórum qualificado.
A investigação do Ministério Público Federal pode mudar de patamar a crise no Palácio do Planalto.