O ministro-chefe da Casa Civil do governo Bolsonaro, Ciro Nogueira (PP), senador licenciado pelo Piauí, é aguardado neste sábado (2) em Fortaleza. Nogueira, que ocupa a principal pasta do governo federal, tem familiares e aliados políticos na Capital cearense e vem para um evento familiar: o casamento de um primo, que irá reunir uma parte considerável da elite política e econômica cearense.
Nos bastidores, o chefe da Casa Civil é aguardado também para contatos políticos. Na última semana, o Banco do Nordeste, uma das principais instituições de fomento regional do País, cujo acionista majoritário é o governo federal, passou por mudança, após intensa brica política.
Na última quinta-feira (30), Anderson Possa foi indicado ao cargo de presidente pelo Conselho de Administração do Banco, por determinação do Ministério da Economia. Deixou o cargo, o ex-presidente Romildo Rolim, servidor de carreira que estava no cargo desde 2017.
Anderson Possa é ligado a Ciro Nogueira e chegou ao cargo de comando por uma articulação de bastidores desgastante para a maior instituição de microcrédito do País e um banco fundamental para o desenvolvimento do Nordeste, o que desperta interesses econômicos e, principalmente, políticos.
Segundo fontes internas ouvidas por esta Coluna, na reta final da gestão de Romildo Rolim, havia um racha entre os diretores do banco. Possa, que assumiu o comando, era Diretor de Negócios, cargo que vai acumular, segundo nota emitida pelo BNB.
Contrato "suspeito"
A cortina de fumaça para a troca de comando da instituição foi um contrato de cerca de R$ 600 milhões do banco com o Instituto Nordeste e Cidadania (Inec), que se mantém na gestão da área de microcrédito - a jóia da coroa - do banco há 18 anos e tem dirigentes ligados ao PT, segundo as denúncias feitas em meio ao fogo cruzado contra Rolim.
A despeito da necessidade de concorrência para atender a transparência e moralidade pública, em se tratando de um contrato milionário, o que esteve sempre por trás foi uma feroz disputa política pelo comando da instituição.
Ao assumir o cargo, uma das primeiras providências de Possa foi anunciar concorrência para a área de microcrédito. Nos bastidores, o sistema agora vai tentar manter Anderson no comando, tendo em vista que ele foi anunciado apenas como interino.
Ao que se sabe, a indicação definitiva caberia ao Partido Liberal, de Valdemar Costa Neto. A briga de cachorro grande vai seguir.
Parcerias políticas
Ao contrário do chefe Bolsonaro, que diz ter pesadelos ao ouvir falar de petistas e “comunistas”, Nogueira tem uma atuação política diametralmente oposta. Trata-se de um político expoente do tradicional “centrão”. Trafega em todos os setores políticos e está (quase) sempre ao lado do poder.
No Ceará, por exemplo, o PP – presidido nacionalmente por Ciro Nogueira - é aliado do grupo governista e tem no comando estadual uma liderança de peso para os irmãos Cid e Ciro Gomes: Zezinho Albuquerque, secretário de Cidades do governo Camilo Santana (PT) e ex-presidente da Assembleia Legislativa. O presidente estadual do partido é o deputado federal AJ Albuquerque, filho de Zezinho.
Nogueira mantém uma relação próxima com lideranças governistas locais. O primo dele, Rodrigo Nogueira, ocupa, atualmente, o cargo de Secretário de Desenvolvimento Econômico da gestão José Sarto Nogueira (PDT) em Fortaleza. Ele, inclusive, já ocupou cargo de destaque na gestão anterior, de Roberto Cláudio.
Trafegando por todos os lados e ganhando cada vez mais espaço em Brasília, Ciro Nogueira amplia sua influência política e faz do PP um partido cobiçado para as disputas de 2022. A julgar pelo histórico, poderá estar em qualquer dos lados.