Há cerca de um mês, o governador Elmano de Freitas (PT) começou a pôr em prática uma estratégia para tentar dar um impulso à gestão estadual em um momento de críticas ao desempenho do governo e de crise na Segurança Pública. De lá pra cá, ele trocou 10 secretários, cobrou resultado público aos auxiliares, assumiu mais protagonismo nas decisões de governo e mudou o tom nas declarações públicas.
Naturalmente, o resultado das mudanças em indicadores exige mais tempo. Entretanto, há, claramente, uma nova postura do chefe do Executivo em relação aos atos da gestão estadual.
O manual da boa política aponta que a reputação do governante advém, além da capacidade de liderar processos complexos e delicados, da dedicação dele às tarefas de governar.
Em outras palavras, muitas vezes, não é só o resultado da política pública que estará em avaliação pela população, mas a capacidade do gestor de se agarrar aos problemas - e se comunicar com clareza.
Ao mexer em áreas estratégicas como Segurança, Infraestrutura e Planejamento, Elmano deu uma clara satisfação às críticas. E desde então tem se mostrado mais engajado na gestão, principalmente na defesa de um combate mais duro à criminalidade.
Em entrevista ao Jornal O Globo, recentemente, Elmano cobrou da esquerda uma nova postura sobre o combate à violência, em uma sinalização do que já havia dito em âmbito local sobre o avanço da criminalidade.
Em dois outros episódios específicos, de impasse institucional, o petista chamou para si a definição. O primeiro caso foi a polêmica sobre a transferência do Fortal para um terreno ao lado do Aeroporto de Fortaleza. O chefe do Executivo intermediou uma negociação entre o grupo empresarial proprietário do terreno que recebia a festa e os organizadores da micareta, evitando a mudança.
Mais recentemente, ele tomou decisão em um impasse sobre o local de instalação da Usina de Dessalinização na Praia do Futuro. Após polêmica com as empresas de tecnologia sobre a instalação do equipamento na Praia do Futuro, mesmo local da chegada de cabos submarinos no continente, Elmano arbitrou pela transferência do local da Usina.
Reações com críticas
A maior exposição não livrou o governador das críticas. Nesse meio tempo, ele se indispôs com professores das universidades estaduais por, em entrevista ao Diário do Nordeste, fazer crítica à greve da categoria, historicamente ligada ao PT e à esquerda.
Depois, ainda na entrevista ao Jornal O Globo, ao cobrar posição da esquerda em relação ao combate à violência, Elmano dividiu opiniões entre os correligionários.
De uma forma ou de outra, os fatos confirmam a nova postura do governador à frente da máquina estadual.