Pilotos de aeronaves da Azul Linhas Aéreas reportaram aos órgãos de controle de tráfego aéreo a visualização de luzes brilhantes nos céus do Ceará no início de julho.
A coluna teve acesso a um vídeo de um perfil no Youtube em que registra áudios dos pilotos reportando os Fenômenos Aéreos Não Identificados (UAPs, Unidentified Aerial Phenomena), mais conhecidos como Objetos Voadores Não Identificados (Ovnis), termo este obsoleto.
A Força Aérea Brasileira (FAB) confirmou a veracidade dos áudios e deu mais informações sobre formulário utilizado por controladores para registro de detalhes dos avistamentos:
“A Força Aérea Brasileira (FAB), por meio do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea), informa que os áudios entre o Centro Recife e Controle Fortaleza com as aeronaves sobre o avistamento de luzes são verídicos”, disse em nota.
O formulário mencionado é um modelo previsto no Sistema de Defesa Aérea e os dados foram coletados, estando, atualmente, em posse do Decea para análise e comparação.
“Algumas informações, como a cor do objeto, trajetória e altitude, ficaram incompletas antes da transferência do tráfego, foi necessário realizar uma coordenação entre os controles de área Recife e Terminal Fortaleza”, completou a FAB, fazendo menção ao fato que tanto o Centro Recife, quanto o Controle Fortaleza, solicitaram características dos avistamentos aos pilotos.
Como ocorreram os avistamentos?
Segundo os pilotos da Azul, as luzes foram vistas em níveis (altitudes) próximos aos das aeronaves e se moviam em círculos.
No dia 7 de julho, por volta das 20h40, o reporte inicial foi feito pelo voo Azul 2527 proveniente de Campina Grande, com destino à Fortaleza.
Os pilotos perguntaram se havia alguma aeronave na região. Como resposta, o Centro Recife (controle de tráfego de grande parte da região Nordeste) havia respondido ao
Azul que a aeronave mais próxima estava a mais de 100km de distância, portanto, não era aquilo que os pilotos viam.
Os avistamentos estavam, na perspectiva dos pilotos, próximos à cidade de Aracati-CE.
Ademais, segundo o áudio exposto na página referida, o Centro Recife informara que não havia nada em seu radar (radar primário, baseado em reflexão de ondas eletromagnéticas).
Alguns minutos após, na mesma noite, o voo Azul 2906, decolando de Fortaleza, rumando para Belém, reportou ter visto novas luzes próximas à Itapipoca, noroeste do Ceará.
O Centro informara que o relato anterior (2527 da Azul) havia informado de luzes próximas a Aracati, região leste, mas ambas próximas ao litoral.
Apesar de os pilotos destacarem as luzes, nada aparecia no equipamento anti-colisão de suas aeronaves (TCAS), nem, como dissemos, no radar primário ou secundário do Centro Recife.
À medida que o 1º voo da Azul aproximava Fortaleza, mais detalhes sobre as luzes foram dados agora ao controle aéreo de Fortaleza. “Aparentemente duas luzes circulando, ao sul da Terminal Fortaleza”, reportou o Azul 2527.
O controle da Terminal Fortaleza pergunta ao piloto se os avistamentos não seriam drones, mas como o reporte era de que as luzes estavam em altitude similar à aeronave aproximando Fortaleza, estaria muito alta para tal (altitude do ATR que realizava o Azul 2527).
A noite oficial dos ovnis em 1986
Os avistamentos como narrados acima são achados aos montes em sites de internet. Há relatos bem recentes como luzes vistas próximas a Porto Alegre no início de 2024, bem como no próprio Ceará por volta de 2017. Há relatos de várias décadas também.
Em 1986, dia 19 de maio, a Força Aérea Brasileira reconhece ter existido o que se chama de noite oficial dos ovnis, quando uma dezena de avistamentos de luzes móveis e coloridas foram percebidas nos céus de São Paulo e Brasília. Os relatos contam de luzes vistas desde o início da noite até o fim da madrugada.
Tanto a torre de Controle de São José dos Campos via luzes sobre a cidade, como os radares do Controle de São Paulo tinham percebido alvos não identificados. No caso acima em Fortaleza, entretanto, os radares nada percebiam.
As luzes reportadas eram vermelhas, mas havia mudanças para amarelo, verde e alaranjado. Esse padrão de luzes que se alteram é o mesmo em vários casos que li.
Pilotos da Força Aérea Brasileiras da base de Santa Cruz no Rio de Janeiro foram enviados para averiguar as luzes, tentaram perseguir os ovnis e também passaram a ter contato visual com as luzes. Na ocasião, os radares detectaram objetos não identificados.
O Coronel Ozires Silva viu sinal luminoso, ao se aproximar do aeroporto de São José dos Campos e passou a seguir as luzes. Há vídeos com o relato de Ozires, a quem já atribuímos por aqui a criação da Embraer e do Bandeirante.
Naquela noite, cinco jatos da Força Aérea foram acionados, do modelo F-5 e do modelo Mirage e alguns destes tentaram perseguir as luzes, porém estas eram muito mais rápidas. Mais de 21 sinais desconhecidos nos céus de São Paulo e do Distrito Federal. Havia sempre comentários sobre grande mudança de cores dos objetos.
Como resultado dos eventos, a FAB descreveu em relatórios desse dia:
“Os objetos produziram ecos nos sistemas de defesa das aeronaves, houve contato visual dos pilotos, os objetos têm capacidade supersônica e aceleraram e frearam de modo brusco.”
“Os fenômenos são sólidos e refletem inteligência, pela capacidade de manter distância dos observadores, como também voar em formação”
“Origem dos objetos: desconhecidos”.
Ainda, antes, há reportagem da TV Globo sobre um voo da antiga Vasp que havia “sido seguido” por luzes em 1982. O piloto viu luzes que mudavam de cor.
Também havia se reportado aos Centros de Controle de Tráfego para verificar se se tratava de aeronaves e, da mesma forma, tiveram respostas sobre a ausência de aeronaves próximas ao Vasp.
Explicação para os avistamentos
Ednardo Rodrigues, professor de Astronomia e Físico, colunista do Diário do Nordeste conta em suas colunas que ovni, Objeto Voador Não Identificado, é termo obsoleto e explica que o termo mais recente é chamado de UAPs, ou Fenômenos Aéreos Não Identificados.
Ednardo explica que muitos dos avistamentos podem ser experimentos militares secretos, em linha com o que outros observadores da aviação acreditam.
“Ainda nesta linha, existem os casos de objetos voadores. Estes geralmente são experimentos militares secretos (...). Quando eu era pequeno, muito se falava dos ovnis em formato de charuto que atravessaram o céu em extrema velocidade. O pessoal falava que não seria possível uma nave feita pelo ser humano atingir tal velocidade. Hoje sabemos que se tratavam de naves militares que batiam várias vezes a barreira do som”.
Conforme a explicação acima, os pilotos da FAB podem não ter conseguido seguir justamente experimentos que conseguiam atingir altíssimas velocidades.
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*Este texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.