De uns anos pra cá, a gente tem ouvido e falado muito sobre inteligência artificial, sobre como ela pode ser a graça de todos nós ou a ruína da humanidade.
Foi legal fazer nosso avatar no estilo da Pixar para postar nas redes sociais, até a gente entender que, sim, ela pode ocupar um espaço maior que o esperado no mercado de trabalho, não só na área da tecnologia como na área da criatividade também. Enfim, vivemos aí um período de "a inteligência artificial vai acabar conosco" e "perderemos nossos empregos para uma máquina", tudo com aquele quê dramático de um bom filme de ficção científica dos anos 1980.
Por aqui, não tem sido diferente. A consultoria de imagem e estilo também está vivendo seu momento de angústia em relação à IA, especialmente quando o assunto é análise de coloração pessoal.
De forma muitíssimo resumida, a análise de coloração pessoal é uma das ferramentas que utilizamos na consultoria de estilo para descobrir as "melhores" cores de cada pessoa. Para fazer isso, são feitos alguns testes com tecidos e cartões coloridos e, com a técnica exata, conseguimos detectar as cores que mais harmonizam com cada pessoa.
Tudo baseado na beleza natural de cada um de nós, do jeitinho que papai do céu nos criou.
Bom, o chatGPT veio na tentativa de suplantar esse conhecimento. Pelo menos é o que se acredita, afinal já rolam aí pelas redes sociais diversas análises de cores feitas pela ferramenta, sem qualquer auxílio de alguém que tenha total domínio desse saber da análise de coloração pessoal.
Eu, pelo menos, vi algumas centenas de vídeos sobre o assunto e posso afirmar sem qualquer medo: a inteligência artificial falha todas as vezes que não existe o fator humano.
Pense que para fazer uma análise de cor, além do conhecimento, estudo e preparo, eu preciso também ter um olhar treinado e afiado para poder detectar essas "melhores" cores em cada pessoa. Agora pense na quantidade de células capazes para tal tarefa os meus olhos e o meu cérebro têm. Entre cones, bastonetes e alguns neurônios, reside um mundo de informações que possivelmente a inteligência artificial não conseguirá circular.
Num intervalo de seis anos, meu ofício tem se tornado mais fácil, prático e preciso a cada dia, tudo graças às novas tecnologias e à evolução do conhecimento humano. A análise de cor online, inclusive, só é possível por isso (mas isso é papo para uma outra coluna). Não se adaptar a essa nova configuração é como ter a possibilidade de trabalhar em um computador, mas continuar usando uma máquina de escrever por medo de se adequar.
Sim, com certeza iremos falar mais com máquinas e bots do que com seres humanos, isso por conta da internet das coisas. Até lá, vale ler "Andróides sonham com ovelhas elétricas?", do autor Philip K. Dick.
*Este texto reflete, exclusivamente, a opinião da autora