Projeto Itataia muda, reduz o consumo de água e a área da indústria

Jazida cearense tem 99,8% de fosfato e apenas 0,02% de urânio, como explicou Rodolfo Galvani, diretor do projeto, para 15 empresários da indústria e da agropecuária do Ceará.

Mudou, e mudou muito, o projeto que prevê a exploração e o beneficiamento de produtos fosfatados e concentrado de urânio da jazida de Itataia, em Santa Quitéria, no Norte do Ceará.

Para começar, foi reduzido em mais de 20% o consumo de água e foi eliminada a construção de uma barragem de rejeitos, que serão agora solidificados por meio de uma pilha de gesso e cal. 

O uso de novas tecnologias reduzirá também a área a ser ocupada pela planta industrial do empreendimento, que tem dois sócios: a Indústrias Nucleares do Brasil (INB), dona do sítio em que se encontra localizada a jazida e dos direitos minerários, e a Galvani, que será a responsável pelos investimentos e pela operação da futura indústria. 


 
O empresário Rodolfo Galvani Júnior, presidente do Conselho de Administração da Galvani e diretor de projetos da empresa, reuniu-se ontem com 15 empresários cearenses da indústria e da agropecuária, para os quais explicou destalhes do projeto e ainda transmitiu informações, uma delas indica que a Licença Prévia deverá ser emitida pelo Ibama ainda neste ano; a Licença de Instalação está prevista para o decorrer de 2024 e a de Operação, em 2026.

Acompanhado da diretora de Relações Institucionais da empresa, Gizelle Tocchetto, e da gerente de Comunicação, Giovana Kill Porteiro, Rodolfo Galvani disse que ele e sua equipe desenvolvem hoje um esforço para melhorar a comunicação sobre o projeto. E começou sua fala pelo que chamou de “desmistificação” do empreendimento.

Ele disse que a jazida de Itataia tem 99,8% de fosfato e apenas 0,2% de urânio. “Portanto, estamos falando de uma mina de fosfato que, entre outras coisas, produzirá fertilizantes para a agricultura brasileira”, hoje quase totalmente dependente do fornecimento da Rússia e da Ucrânia, que estão em guerra. 

O concentrado de urânio será produzido pela Galvani e destinado à Indústrias Nucleares do Brasil (INB) como pagamento de royalties da exploração da jazida. Esse concentrado será usado para a geração de energia nuclear.

Rodolfo Galvani Júnior listou a importância estratégica do projeto de Itataia: 1) Redução da enorme dependência das importações de fertilizantes, o que dará mais segurança ao papel do Brasil de grande fornecedor de alimentos; 2) Fortalecimento da sustentabilidade da agricultura e pecuária nas regiões do Norte e Nordeste; 3) Projeto com carbono positivo, incrementando a matriz energética de baixa emissão de carbono; 4) Eliminação da importação e possibilidade de exportação de concentrado de urânio.

Os investimentos previstos no projeto alcançarão R$ 2,3 bilhões. 

Serão produzidos 1,05 milhão de toneladas de fertilizantes fosfatados, equivalentes a 25% da demanda das regiões Norte e Nordeste; 220 mil toneladas de fosfato bicálcio, que representarão 50% da demanda das duas regiões; e 2,3 mil toneladas de concentrado de urânio, o que eliminará em 100% a importação e abrirá a possibilidade de exportação do excedente.

Será construída uma adutora que poderá partir do açude Edson Queiroz ou do açude Araras Norte – os técnicos da Secretaria de Recursos Hídricos darão a palavra final, levando em conta a disponibilidade da água nos dois reservatórios.

Essa adutora atenderá o projeto e, também, as comunidades de Morrinhos, Queimadas e Riacho das Pedras, na zona rural de Santa Quitéria. 

Na fase de operação, o projeto gerará 90% da energia elétrica que consumirá. 

Fechando os itens ligados à infraestrutura do empreendimento, será asfaltado trecho da CE-366, entre o distrito de Lagoa do Mato e a Fazenda Itataia. 

Rodolfo Galvani também informou que sua empresa qualificará a mão de obra para a construção e a operação do projeto, que dará emprego direto a 2.800 pessoas durante a construção de sua unidade industrial e a 538 na fase de sua operação.