Na Pecnordeste 2023, o novo tempo: a indústria abraça a agropecuária

Ricardo Cavalcante, presidente da Fiec, impressiona-se com o tamanho e o prestígio que ganhou a maior feira do agro nordestino

Ricardo Cavalcante, presidente da Federação das Indústrias do Ceará (Fiec), não se conteve ao ver ontem, no Centro de Eventos, a dimensão, a importância e o protagonismo que assumiu a Pecnordeste – maior feira e exposição “indoor” da agropecuária nordestina. 

Ele disse à coluna: “É mesmo um grande evento, fruto da liderança da Federação da Agricultura e de seu presidente Amílcar Silveira. A Fiec sente-se feliz por ser parceira da Faec”. 

A manifestação do líder da indústria revela que não só os tempos mudaram, mas mudaram o comportamento e a atitude das lideranças da política e do empresariado cearenses, que, mesmo divergindo sob o ponto de vista político-ideológico, convergem para o interesse comum que é o de promover o desenvolvimento social e econômico do estado.

Como disse o governador Elmano de Freitas no discurso com o qual inaugurou a XXVI Pecnordeste, a sociedade cearense é plural, mas é também madura para superar as dificuldades que causam as divergências. 

Os que ouviram com atenção o seu pronunciamento – feito de improviso e ao sabor da emoção e ao impulso do coração – entenderam, claramente, que Elmano de Freitas está disposto a repetir, em maior proporção, o êxito dos seus antecessores, que deixaram um legado de contas equilibradas, grandes obras infra estruturais e larga popularidade. 

O discurso do governador repercutiu intensamente entre os empresários do agro. E de uma maneira positiva. Até mesmo a menção feita à questão da pulverização aérea, que está proibida em toda a geografia cearense, mas permitida nos demais estados brasileiros, teve um objetivo: o de provocar o debate em torno do que Elmano de Freitas chamou de “novas tecnologias”.

Elmano não disse, mas essas novas tecnologias foram embarcadas nos drones, que são aeronaves não tripuladas e guiadas por controle remoto, as quais são capazes de pulverizar pequenas e grandes áreas agrícolas com a precisão de um relógio suíço, reduzindo a quase zero a possibilidade de agressão ao meio ambiente.

A pulverização feita pela chamada aviação agrícola começa a perder terreno para os precisos drones.

De acordo com o governador, o que está em curso neste momento é “uma transição” do modelo antigo e obsoleto de pulverização, “que não poderia mesmo ser utilizado hoje”, por outro moderno, eficiente e tecnologicamente avançado e já em uso pela agricultura de países desenvolvidos.

Mas retomemos o fio da meada do primeiro parágrafo deste texto. O presidente da Fiec encantou-se com o tamanho da Pecnordeste. Ele fez questão de percorrer toda a área de exposição da feira, que chama atenção pela diversidade dos setores que mostram seus produtos e serviços. 

Ao lado de pequenos lacticínios, que exibem seus diferentes tipos de queijos, há empresas multinacionais e nacionais que mostram seus caríssimos tratores, como a Massey Ferguson, e seus eficientes implementos e máquinas agrícolas, comoos da cearense Cemag.

Ricardo Cavalcante ficou feliz com o que viu e ouviu na Pecnordeste. Ele comentou que isso revela o alto nível de relação que mantêm hoje as lideranças do empresariado do Ceará com as autoridadees do governo - relações constantes e respeitosas e, em alguns casos, deparceria, como é o do projeto do Hub do Hidrogênio Verde do Pecém. 

Atenção! Hoje, estacionarão no Centro de Eventos do Ceará 120 ônibus, trazendo delegações de produtores rurais de vários municípios do interior, do litoral e das zonas serranas do estado. 

CIRO PRESENTE E MUITO CITADO

Ex-deputado federal e estadual, ex-prefeito de Fortaleza, ex-governador do estado, ex-ministro da Fazenda e ex-ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes foi o personagem mais citado no evento que abriu ontem a Pecnordeste 2023. 

Todos os oradores, desde o presidente da Faec ao governador Elmano de Freitas, fizeram questão de referir-se a ele com vários qualificativos. Um deles disse que Ciro “é o maior político do Ceará”.

Após a solenidade, Ciro percorreu a área de exposição da Pecnordeste e, a exemplo do presidente da Fiec, considerou o evento a demonstração de força da agropecuária do Ceará. 

É bom lembrar que foi Ciro Gomes, no seu governo, que, em 1993, construiu, em 90 dias, o Canal do Trabalhador, com 100 km de extensão, uma obra de engenharia que só uma grave emergência poderia, em tão pouco tempo, ser realizada, mobilizando máquinas, engenheiros e mão de obra procedente de várias partes do país.