Metrofor: Seinfra retoma pela metade obra da Linha Leste

Apenas uma das duas tuneladoras que escavam os dois túneis da linha está em operação. A outra segue em manutenção.

Esta coluna quis saber da Secretaria de Infraestrutura do Governo do Estado a quantas andam as obras de escavação dos túneis 1 e 2 da Linha Leste do Metrô de Fortaleza. A resposta foi transmitida nos seguintes e curtíssimos termos:

“A Secretaria da Infraestrutura do Ceará (Seinfra) informa que os serviços de escavação do túnel 2 da obra da Linha Leste do Metrô de Fortaleza foram retomados neste mês de agosto. A Seinfra segue o cronograma de manutenção e comissionamento das tuneladoras.”

Tendo visitado essas escavações no fim de abril passado, este colunista impressionou-se com o que viu, a tal ponto que as considerou uma obra de arte. E são mesmo, tal a perfeição com que os dois túneis estão sendo perfurados e, ao mesmo tempo, protegidos por aduelas (estruturas pré-fabricadas de concreto armado utilizadas no revestimento dos túneis) que são instaladas à medida que as tuneladoras avançam.

Traduzindo o que diz a nota da Seinfra: apenas o túnel número 2 teve retomados os seus serviços de perfuração. Os do túnel número 1 mantêm-se paralisados, porque a tuneladora que o perfura “segue o cronograma de manutenção e comissionamento”, o que é feito por técnicos da indústria norte-americana Robbins, que a fabricou.

Para que o leitor entenda: “Comissionamento é o processo que assegura que os sistemas e componentes de uma unidade industrial estejam projetados, instalados, testados, operados e mantidos de acordo com as necessidades e requisitos operacionais do proprietário”, como explica o geralmente bem-informado professor Google.

Uma fonte da Seinfra informou que a tuneladora que escava o túnel número 1 só voltará a operar dentro de mais dois meses. Assim, qualquer anúncio de que a Linha Leste do Metrofor estará pronta e em operação em 2026 deverá ser recebida com a natural e tradicional desconfiança com a qual o brasileiro enxerga e encara as obras públicas neste país.

A execução do projeto da Linha Leste do Metrofor já dura 10 anos, com a perspectiva de que durará outro tanto ainda. É que – além da morosidade própria desses empreendimentos bancados pelo erário – o dinheiro costuma faltar ao longo de sua execução, retardando o cronograma, que neste caso está mais do que retardado.

Iniciada em 2013, paralisada em 2015, relicitada em 2018 e outra vez paralisada em 2021, a obra da Linha Leste – agora retomada pela metade (só uma das duas tuneladoras está em serviço) – é vital para a mobilidade urbana da quarta maior cidade brasileira, pois os seus trens transportarão 150 mil passageiros por dia através desse caminho de ferro metropolitano que ligará o Oeste ao Leste de Fortaleza e vice-versa.  

Dos 7.300 metros de extensão da Linha Leste, apenas 1.300 metros de túneis estão perfurados e devidamente protegidos pelos anéis de concreto. As obras das estações Colégio Militar e Nunes Valente – executadas a 34 metros abaixo da superfície – seguem, igualmente, sofrendo da mesma morosidade da escavação dos túneis.