Ontem, a Bolsa de Valores brasileira B3 fechou em queda leve de 0,18%, aos 108.841 pontos. O dólar também fechou perto da estabilidade, cotado a R$ 5,37.
O mercado tomou um susto ontem, quando o presidente do Banco Central do Brasil, economista Roberto Campos Neto, disse que as incertezas fiscais causadas pela indefinição em torno da PEC da Transição poderão levar a autoridade monetária a reagir diante do que chamou de “uma incerteza fiscal”.
Na tradução dos analistas do mercado, a declaração de Roberto Campos Neto soou como um aviso de que o Comitê de Política Monetária, o Copom, poderá subir a taxa de juros futuros.
Ontem, por exemplo, essas taxas chegaram a elevar-se até 40 pontos-base. Para os analistas, o Copom manterá a taxa Selic no atual patamar de 13,75% pelo tempo que for necessário para manter a inflação sob controle.
Outros analistas estão acompanhando a insistência com a qual o governo do eleito presidente Lula pretende manter em 2% do PIB o déficit orçamentário de 2023, tirando da Lei do teto de gastos a montanha de R$ 200 bilhões, com a qual pretende elevar o valor mensal do Bolsa Família para R$ 600, conceder aumento real do salário-mínimo e garantir crédito para o consumo da população de mais baixa renda.
Para os economistas, isso será uma injeção de inflação na veia e, também, o aumento da dívida pública, com a consequente subida das despesas com os juros dessa dívida.
Se isso vier a acontecer, as contas do governo poderão sair do controle. A Argentina fez isso, e deu no que deu.
No Congresso Nacional, principalmente no Senado, há resistência dos parlamentares à proposta do governo eleito de retirar da Lei do teto de gastos a dotação de até R$ 200 bilhões. Por causa disto, foi adiada mais uma vez a apresentação da PEC da Transição.
O relator da proposta, senador Marcelo Castro, do PMDB do Piauí, disse que está difícil a construção de um consenso.
Marcelo Castro afirmou que ele, pessoalmente, é favorável à excepcionalidade das despesas com o Bolsa Família, e só.