Diário do Nordeste

Honório Pinheiro diz: insegurança pública é problema nacional

Para o empresário, dono de rede de supermercado, a economia e o varejo do Ceará vão bem. Mas afirma: sim, o preço dos alimentos está caro.

Escrito por
Egídio Serpa egidio.serpa@svm.com.br
(Atualizado às 06:50)

Do alto de sua experiência de ex-presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Fortaleza (CDL), ex-presidente da Federação das CDLs do Ceará e ex-presidente da Confederação Nacional do Comércio Lojista, o empresário Honório Pinheiro, sócio e CEO da rede Supermercado Pinheiro, proclama a plenos pulmões: “O varejo do Ceará vai bem. Por exemplo: no setor supermercadista, que é um ramo forte do varejo, há novas lojas sendo abertas, há altas vendas de automóveis novos, e isto é sinal de sua vitalidade e, também, de uma boa e segura aposta na economia brasileira”.

Afônico por causa de uma rouquidão que o surpreendeu em Brasília, onde se encontra há dois dias, Honório Pinheiro iniciou sua conversa com esta coluna, destacando algumas “poucas novidades” da recente NRF Retail's Big Show, maior exposição do varejo mundial, que se realiza anualmente no mês de janeiro em Nova Iorque. Uma dessas novidades é a seguinte:

“O comércio precisa de dispensar mais atenção e cuidado às pessoas e aos dados, levando em conta o avanço do mundo digital e da Inteligência Artificial, sendo esta apenas uma ferramenta a ser utilizada pelo homem nos processos produtivos. O desafio é dispor de gente qualificada para a operação e o manuseio dessa nova e poderosa invenção humana, que isto fique bem claro”, disse Pinheiro.

Logo ele desviou o curso da conversa para o conteúdo da edição de ontem desta coluna, que abordou os gargalos enfrentados pelo comércio varejista e pela cidade de Fortaleza, entre os quais a multiplicação das feiras a céu aberto ou sob galpões improvisados e, ainda, a insegurança pública, o que força as lojas de rua a se transferirem para o conforto e a segurança dos shopping centers. Pinheiro discorda:

“A ocupação dos shopping centers tem a ver, do meu ponto de vista, com um tipo de atividade do varejo. Há hoje lojista de shopping altamente satisfeito e lojista de shopping insatisfeito, e o mesmo se passa com o lojista de rua. Temos, portanto, de nos acautelar quanto à afirmação de que o shopping é mais seguro do que a rua. Depende da atividade desenvolvida”, explicou Honório Pinheiro.

Ele se referiu ao que chamou de “pauta da segurança pública, que não é pauta exclusiva do Ceará e dos cearenses, mas do país como um todo. Trata-se de uma grande mazela que vem sendo construída por uma série de medidas que deixaram de ser tomadas e que precisam de ser adotadas urgentemente”.

Honório Pinheiro sentencia:

“Nós não podemos ter paz social, se não tivermos geração de emprego para que as pessoas possam edificar a sua própria identidade.”

Instigado pela coluna, que lhe indagou sobre a subida dos preços dos alimentos, ele foi didático:

“Os preços estão em alta, sim. Essa alta não é culpa de quem produz no Ceará ou em qualquer outra parte do país, nem de um imposto, mas de algo que se deixou de fazer no passado mais recente e no presente. Tudo impacta (os preços): os Estados Unidos com Donald Trump e o crédito caro por causa dos juros altos. O que há, de fato, é uma falta de confiança, e isto provoca a desaceleração da economia. As pessoas – principalmente os empreendedores – têm dúvida em que, onde e como investir, é só consultar os números da poupança privada, que estão escolhendo por conta de fatores como estes.”

Em seguida, Honório Pinheiro pigarreou, limpou a garganta e passou a elogiar a economia do estadual cearense, mandando uma mensagem a quem governa em Brasília e aqui:

“O Ceará tem números melhores do que os do Brasil, e o setor da educação é só um destaque, aliás é modelo nacional; tem latente e forte empreendedorismo; dispõe de infraestrutura de logística moderna como o Porto do Pecém e o Aeroporto Internacional de Fortaleza; e, ainda, de sol e vento o ano inteiro para a geração das energias renováveis que moverão os futuros projetos de produção de hidrogênio verde no interior da sua ZPE. A meu ver, o Ceará é uma das estrelas do Brasil. Resumindo: no que pese a inflação alta e os juros elevados, o empresariado precisa de uma coisa só: que os governos não atrapalhem. Que deixem o empreendedor mais livre para empreender. O governo não gera emprego, quem o faz é o empresário. Precisamos de simplificar os processos.”