Fiec Summit H2V: o Ceará diante do seu novo e verde futuro

Durante o evento surgiram grandes notícias, como esta: toda a água a ser utilizada pela indústria do H2V no Pecém virá do reuso, mas devidamente tratada pela Utilitas, empresa do Grupo Marquise, parceira da Cagece

Foram dois dias de debates eminentemente técnicos que deixaram claras todas as possibilidades de que dispõe o estado do Ceará para produzir hidrogênio verde no Complexo Industrial e Portuário do Pecém, onde se localiza a ZPE, em cuja geografia serão construídas as bilionárias plantas industriais de empresas nacionais estrangeiras já comprometidas com esses investimentos. 

A terceira edição do Fiec Summit, ontem encerrada, foi maior do que as duas anteriores em espaço ocupado no Centro de Eventos, em número de participantes (4.500), de empresas brasileiras e estrangeiras com estandes e de palestras (cerca de 90) proferidas em inglês e português. 
  
Transmitido ao vivo pelo site do Fiec Summit, mas com acesso exclusivo para os inscritos no Brasil e em mais de 20 países, inclusive da Ásia, o evento promovido pela Federação das Indústrias do Ceará transformou-se, em três anos, no maior e mais importante da cadeia produtiva brasileira do H2V. 

Neste ano, ele foi o palco escolhido para o anúncio da criação do Instituto Senai de Inovação (ISI), por meio do qual será criado um Parque Tecnológico de Inovação na mesma área onde será construída a unidade cearense do Instituto Tecnológico de Aeronáutica, o ITA, no terreno da antiga Base Aérea de Fortaleza.

As 2 mil pessoas que na segunda-feira, 12, e na terça-feira, 13, presenciaram os painéis técnicos do Fiec Summit viram-se diante dos executivos das grandes empresas que celebraram Memorando de Entendimento (Mou, na sigla em inglês) com o governo do Estado para a implantação de unidades produtoras de hidrogênio verde no Pecém. E ouviram de fonte primária a notícia de que 1) o Ceará é o local ideal para a produção do H2V e 2) o hidrogênio verde aqui produzido será o mais barato do mundo pelas condições geográficas, pela infraestrutura portuária existente e pelos recursos naturais com os quais a natureza brindou este pedaço do Brasil – com abundância de luz solar e fortes e constantes bancos de vento. 

Deve ser lembrado que, para tornar-se verde, o hidrogênio tem de ser produzido com energias renováveis e limpas, como a solar fotovoltaica e a eólica onshore ou offshore. É no Ceará que o sol tem domicílio permanente.

O futuro está aceleradamente chegando aqui e vem trazendo não só a potencialidade da gigantesca cadeia produtiva do hidrogênio verde, mas, também, a extraordinária plataforma de conhecimento científico e tecnológico do ITA. Com eles, a economia cearense dará um salto gigantesco, e finalmente, num prazo de cinco anos, deixará de representar apenas 2,2% do PIB nacional.

Atentem para este detalhe relevante: a água a ser utilizada pelas indústrias de hidrogênio verde no Complexo do Pecém será disponibilizada em volume duas vezes maior do que a necessidade das empresas. Isto se fará por meio do Hidrus, um projeto da Utilitas, empresa do Grupo Marquise, parceira da Cagece, que captará os efluentes sanitários da Região Metropolitana de Fortaleza e os tratará na Estação de Produção de Água de Reuso (EPAR). Após esta etapa, a água de reuso será transportada, através do Trecho 5 do Eixão das Águas, para o Complexo do Pecém, onde abastecerá suas indústrias, inclusive as do Hub do Hidrogênio Verde. No Pecém, a água de reuso terá tratamento adicional para produzir água em diferentes requerimentos de qualidade. 

O empresário Fernando Cirino Gurgel, ex-presidente da Fiec, que acompanhou toda a programação do Fiec Summit 2024, ficou tão impressionado com o que ouviu durante o evento, que disse à coluna: 

“Dentro de 10 anos, ou seja, amanhã, o Ceará e sua economia serão completamente diferentes do que são hoje, graças a esses investimentos que aqui serão feitos nas energias renováveis e no hidrogênio verde e, também, à chegada do ITA em Fortaleza. Tudo isto mudará o nosso rumo para um destino muito melhor!”

Por sua vez, Lauro Fiúza Júnior, pioneiro na geração de energia eólica no Ceará, comentou: “Ricardo Cavalcante (presidente da Fiec) tem razão: o futuro está chegando mais rápido ao Ceará, e temos de aproveitar todas as oportunidades que vêm com ele”.