Bolsa cai com escândalo da Americanas e novo valor do salário-mínimo

Hoje, Lula reúne-se com dirigentes das Centrais Sindicais. Haddad disse em Davos (Suíça) que o governo quer aprovar reforma tributária ainda neste semestre

Com tanto solavanco causado pelo escândalo da Americanas, a Bolsa de Valores brasileira B3 fechou ontem em queda de 1,54%, aos 109.212 pontos. O dólar, por sua vez, aproveitou o embalo e subiu 0,83%, fechando cotado a R$ 5,14. 

O pregão da bolsa foi impactado pelo que, no jargão técnico-jurídico, se chama de “inconsistência fiscal”, mas que em português de arquibancada é na verdade uma fraude. Uma escandalosa fraude que pode chegar aos R$ 40 bilhões.

O caso da rede de lojas Americanas, com mais de dois mil pontos de venda no Brasil, atinge o coração dos grandes bancos do país, que entraram na Justiça contra o bloqueio dos bens e dos recursos da empresa, que tem como acionista majoritária a 3G Capital, dos bilionários Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira. O paytrimônio desse trio é estimado em R$ 180 bilhões.

O mercado está apostando que o Bradesco, o Santander, o Itaú, o BTG Pactual, que são grandes credores da Americanas, terão de provisionar-se, ou seja, vão reservar dinheiro para enfrentar a inadimplência da Americanas, que está neste momento e por 30 dias protegida contra qualquer pedido de falência.

No pregão de ontem da Bolsa B3, as ações da Americanas, que se derretem desde quinta-feira da semana passada, caíram mais 38,41%, valendo agora pouco mais de R$ 1,50. 

Por sua vez, as ações dos bancos credores da Americanas recuaram, o que também ajudou na queda do índice Ibovespa. Por sua vez, as ações da Magazine Luiza, do Ponto Frito e da Casas Bahia, concorrentes da Americanas, subiram mais de 12% no pregão de ontem.

Mas a segunda-feira na Bolsa foi influenciada por informações procedentes de Brasília, e uma delas indicava que o presidente Lula quer mesmo aumentar o salário-mínimo, cujo valor, no Orçamento deste ano, é de R$ 1.320. 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que trabalha para reduzir ao mínimo possível o déficit das contas deste ano, estimado em R$ 231 bilhões, prefere um salário-mínimo de R$ 1.302.

Lula reunir-se-á amanhã, 18, com os dirigentes das centrais sindicais, com os quais decidirá sobre o novo valor mensal do salário-mínimo.
 
Também influiu no pregão de ontem da Bolsa B3 a declaração do ministro da Fazenda em Davos (Suíça) de que o governo manterá a desoneração do IPI como um sinal para a indústria de que está interessado mesmo em promover, com o Congresso Nacional, uma reforma tributária ainda neste primeiro semestre.

Tudo isso junto ajudou no aumento dos juros futuros. Para 2024, esses juros bateram em 13,54.

Hoje será divulgado o IGP-10, primeiro índice de inflação para este ano.

Notícias do exterior também influenciaram o movimento da Bolsa de Valores no dia de ontem. Por exemplo: na China, subiu o número de mortos por Covid-19, e isto fez cair 4,3% o preço do minério de ferro, enquanto o do petróleo recuou 1,28%, fazendo com que o óleo do tipo Brent, negociado na Bolsa de Londres e referência para a Petrobras, fechasse cotado a US$ 84,19.