A Oi encerrou ontem, depois de seis anos, seu processo de Recuperação Judicial (RJ), considerado um dos maiores e mais emblemáticos do país. A companhia entra agora em uma nova fase focada na expansão dos serviços digitais por fibra ótica, buscando restabelecer a sua sustentabilidade e viabilidade de longo prazo. “Com o fim do processo de recuperação judicial, a companhia atinge um marco muito importante. Foi, sem dúvida, um dos maiores processos de recuperação judicial do país, que ajudou inclusive a introduzir aperfeiçoamentos na própria revisão da Lei de RJ, criando novos parâmetros e meios de negociação entre empresas e credores, procurando principalmente preservar o papel econômico e social do grupo empresarial” afirmou o CEO da Oi, Rodrigo Abreu.
Virada a página da RJ, as principais metas da Oi passam a ser a aceleração das receitas dos negócios core e busca e criação de novas fontes de receita; a sua transformação organizacional e readequação da sua estrutura de custos; o equacionamento dos passivos operacionais e regulatórios da concessão de telefonia fixa e suas operações legadas; e a continuidade das negociações com seus credores financeiros, visando a otimização do seu perfil de endividamento e a busca de sustentabilidade e viabilidade de longo prazo.
“Daqui para a frente, iniciamos uma nova série de desafios bastante críticos, fundamentais para o nosso sucesso futuro. É importante entender que ainda temos necessidades de resolver questões importantes relativas ao nosso futuro, incluindo o trabalho cada vez mais intenso para o crescimento de nossas operações e desenvolvimento de novas fontes de receita, a contínua busca pela eficiência e simplificação da empresa e redução de seus custos”, explicou.
Originalmente com mais de 55 mil credores habilitados e um valor global de um passivo da ordem de R$ 65 bilhões, e por ser prestadora de um serviço essencial e estratégico em todo o território nacional, a Recuperação Judicial da Oi envolveu enormes desafios. Um dos mais importantes foi a busca de alinhamento e compatibilização de interesses e visões sobre a reestruturação da companhia, considerando a diversidade de perfis de credores: bancos e agências de fomento nacionais e internacionais, ANATEL, detentores de bonds, grandes e médios fornecedores, pequenos credores espalhados pelo Brasil e no exterior, além de credores trabalhistas, o que resultou na celebração de mais de 60 mil acordos.
Segundo Abreu, ao longo desse processo, a companhia passou por diversas mudanças significativas. “Desenvolvemos e temos executado um Plano Estratégico de Transformação que aponta para uma nova missão e visão e nos devolve a ambição de conquistar a liderança de mercado nas áreas em que atuamos” disse, lembrando que a nova estratégia, aprovada em Assembleia Geral de Credores, trouxe mudanças importantes para a execução desse processo. “Fizemos captações de financiamentos adicionais que foram extremamente críticos para a continuidade de nossos investimentos para o futuro”, acrescentou.
Ao fim do processo de RJ, a dívida líquida foi reduzida para R$ 18,3 bilhões a valor justo, no final do terceiro trimestre deste ano. Foram liquidadas as dívidas com o BNDES, em valor superior a R$ 4,6 bilhões, além de todas as dívidas não concursais realizadas durante o processo de recuperação para a manutenção da viabilidade operacional da companhia e sua preparação para o processo de transformação estratégica, o que permitiu, por exemplo, o lançamento bem-sucedido de sua operação de banda larga em fibra ótica, hoje a segunda maior do país com cerca de 4 milhões de usuários.
Entre as mudanças destacadas pelo CEO estão a venda da operação móvel, uma das mais complexas realizadas no mercado brasileiro, e a criação da V.tal, que inaugurou no Brasil o modelo de separação estrutural da infraestrutura de fibra ótica. Além disso, ele ressaltou a implantação de um programa intensivo de eficiência operacional e redução de custos, a simplificação da estrutura e de processos como pontos importantes para a sustentabilidade da Oi.