Vendo o fim das Olimpíadas e alguns comentários inusitados sobre, por exemplo, “Brasil tá péssimo no esporte.” “Quase não ganhamos medalhas.” “Futebol feminino não consegue ganhar.” “Marta não jogou nada”, fiz questão de escrever aqui sobre nossas expectativas e nossos reais esforços para que tais expectativas se realizem.
No esporte, os resultados vêm não só com talento, mas com investimento direcionado, disciplina e dedicação de muitas pessoas comprometidas com o sucesso. No Brasil, devemos lembrar do esporte e incentivá-lo não só a cada 4 anos, mas estimulando nossos filhos, incentivando os talentos e apoiando sempre. Todos os atletas têm sua história pessoal de desafios e conquistas. Cobramos dos outros o que nós mesmos não fazemos nem 10%, como, por exemplo, planejar, definir metas pessoais e conquistá-las.
A vida financeira pessoal, como no esporte, necessita de trabalho forte e muita disciplina. E mais, tudo deve começar na infância e adolescência. Isso mesmo. Segundo pesquisa, 45% dos adolescentes brasileiros de 15 anos apresentam baixo desempenho na alfabetização financeira.
O dado faz parte do levantamento do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), publicado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). O Brasil ocupa a 18º posição na lista que conta com 20 países e economias.
Em termos de desempenho, o adolescente brasileiro está mal. Isso quer dizer que estes alunos conseguem, no máximo, reconhecer diferenças entre necessidades e desejos, tomar decisões simples sobre despesas cotidianas e reconhecer a finalidade de documentos financeiros usados no dia a dia, como a fatura. Mas não conseguem, por exemplo, analisar produtos financeiros complexos e resolver problemas que extrapolam a rotina.
E como isso reflete no futuro de cada um? É fato que a educação reflete na vida de adulto, assim também com a educação financeira. A pesquisa provou que os de melhores desempenho conseguem:
- Ter melhores hábitos financeiros;
- Hábito de comparar preços antes de comprar (50%);
- Economizar dinheiro (72%);
- Conversas semanais em família sobre decisões financeiras (64%);
- Decidir de forma autônoma como gastar dinheiro (80%).
Então. Fica o alerta para uma geração que precisa ser educada financeiramente e possui muito mais acesso à informação do que gerações anteriores. A família deve incentivar e trabalhar a base para termos atletas financeiros de sucesso.
Por fim, antes de criticar, de forma totalmente irresponsável, o desempenho do Brasil, olhe-se no espelho e veja a sua trajetória de vida, no sentido de metas, dedicação e conquistas. Empatia é o nome.
Pensem nisso! Até a próxima.
Ana Alves
@anima.consult
emaildaanaalves@yahoo.com.br
Economista, Consultora, Professora e Palestrante
*Este texto reflete, exclusivamente, a opinião da autora.