Na última semana, as criptomoedas sofreram mais um ataque. A China, por meio de comunicado, assinado por agências governamentais e o Banco Central, declarou como ilegal as atividades financeiras com criptomoedas, inclusive para aquelas instituições, por meio da internet, que forneçam serviços para os residentes na China. Anteriormente, a China já havia proibido a mineração de criptomoedas em todo País.
De forma geral, alega-se que as criptomoedas estão aumentando a lavagem de dinheiro, a captação ilegal de recursos, os esquemas de pirâmides financeiras e outras atividades ilícitas.
SERÁ O FIM DAS CRIPTOMOEDAS?
Apesar disto, acredito que não é o fim das criptomoedas, mesmo a China sendo importante player financeiro global.
Assim como na coluna que escrevi meses atrás, O que está acontecendo com o Bitcoin? , as criptomoedas são de elevada resiliência, e mesmo com algumas idiossincrasias, vem suportando inúmeras tentativas de desconstrução, e até mesmo do anúncio de seu fim, como é o caso do Bitcoin.
No site 99bitcoins, por exemplo, o obituário do Bitcoin, em interessante registro de tentativas de eliminação da Criptomoeda mais famosa e de maior valor de mercado do mundo, o Bitcoin “já morreu” 430 vezes, desde seu início em 2009 até o registro mais recente. Somente em 2021, já foram 37 vezes.
Após o breve susto de sexta-feira (24/09), em que o Bitcoin e Ethereum caíram 4,6% e 7,1%, respectivamente, as criptomoedas já subiram no domingo (isso mesmo, elas não pararam de ser negociadas, nem mesmo no final de semana), recuperando parte das perdas. Vida que segue!
Apesar ação chinesa contra as criptomoedas, será bastante difícil monitorar as transações dos seus cidadãos com moedas digitais em outros países, sobretudo com a expansão das finanças no mundo, onde é cada vez mais fácil possuir contas em diversas nações.
O QUE O INVESTIDOR DEVE ESPERAR NO FUTURO
No mercado financeiro, os investimentos em criptomoedas, estão cada vez mais sofisticados, disponibilizando diversas estratégias, como fundos de investimentos e ETF’s no Brasil, e os Hedge Funds nos Estados Unidos.
Contudo, estamos diante do maior embate monetário estrutural da história econômica. De um lado o sistema financeiro tradicional, em evolução tecnológica, inclusive com o desenvolvimento das moedas digitais centralizadas, as Central Bank Digital Currencies - CBDC’s, que no Brasil será o Real Digital, e do outro lado, as criptomoedas, que são moedas descentralizadas, não possuindo órgão central de planejamento e controle, como o Bitcoin, Ethereum etc.
Dessa forma, após a ação da China contra as criptomoedas, duas forças motrizes de mudanças no sistema monetário devem ser aceleradas: medidas regulatórias das criptomoedas e maior interesse dos governos na implantação das moedas digitais nacionais.
Assim, o radar dos investidores de criptomoedas deve estar em sintonia fina com possíveis mudanças na legislação, de forma robusta, seja em escala global ou mesmo local.
No mesmo sentido, de forma a “entrar no jogo” mais forte, os Bancos Centrais devem catalisar os estudos e implementação das moedas digitais nacionais, as CBDC’s, de maneira a atender a demanda por esse novo instrumento, defender sua atuação de autoridade monetária e promover inovações no sistema financeiro.
Grande abraço e até a próxima semana!
Este texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.
(*) A consulta de performance das criptomoedas neste artigo foi obtida em marketcap.com.