A revolução do sistema financeiro está em marcha. A forma de realizar pagamentos e transferências de recursos, obter empréstimos e financiamentos, investir nossas reservas financeiras, está em profunda transformação.
Estamos imersos em momento econômico histórico. As inovações, como o PIX e Open Banking, são exemplos dos novos tempos do sistema financeiro.
A moeda, evidentemente, também será objeto de transformação. Sob o amparo das moedas digitais dos bancos centrais, conhecidas como Central Bank Digital Currency – CBDC, o Banco Central do Brasil iniciou estudos em 2020 para implementação da nova moeda digital, o Real Digital.
Apesar de ainda estar em discussão, sobretudo por interesse do Banco Central em encontrar os melhores caminhos para estruturação e implementação da moeda digital brasileira, acredito que já existem 7 pontos importantes do Real Digital que já precisamos saber:
Real digital é similar ao bitcoin?
O Real Digital não será de característica similar ao Bitcoin. O Banco Central classifica o Bitcoin como um criptoativo, ou seja, possui atributos associados a um ativo financeiro. Em outro sentido, o Real Digital será uma moeda e seguirá os manuais econômicos com suas 3 funções: reserva de valor, unidade de conta e meio de troca.
Emissão centralizada
Ao contrário do Bitcoin e Ethereum, que são sistemas descentralizados, onde os usuários participam da criação e registro das operações, o Real Digital será de emissão centralizada, portanto, exclusivamente do Banco Central. Apesar de se prever nas diretrizes do Real Digital a “distribuição” pelos participantes do Sistema Financeiro Nacional, o Banco Central deverá acompanhar os registros das transações financeiras.
Complementar ao real
O Real Digital e o Real “Tradicional” não serão concorrentes, mas sim complementares. E o uso destas moedas, a priori, deverá ser a critério dos usuários do Sistema Financeiro.
Moeda física mantida
Não haverá extinção da moeda física. As moedas metálicas e as cédulas em papel continuarão sendo usadas, mesmo após o lançamento do Real Digital. Alguns especialistas em tecnologia, inclusive, apostam que nossas crianças conhecerão as cédulas e moedas apenas em museus. Grande engano.
Smart contracts
Os smart contracts, ou contratos inteligentes, serão viabilizados com o Real Digital. E como isto funcionaria? Vamos para um exemplo prático. Quando você compra ou vende um veículo, sabe do momento crítico que é a transferência do dinheiro e o registro da transferência. O que deve ocorrer primeiro? Com os contratos inteligentes e o Real Digital, a transferência do dinheiro e da propriedade do veículo ocorrerão simultaneamente. Imagine esta possibilidade para tudo que compramos ou vendemos, seja de um imóvel até aquela simples compra pela internet?
Internet das coisas
O Real Digital, também deverá impactar positivamente nos avanços da Internet das Coisas – IoT. Geladeiras fazendo compras em supermercados on line, carros que transferem dinheiro para o posto de combustíveis ao serem abastecidos, entre outras situações, poderão acontecer no futuro próximo.
Dinheiro programável
O surgimento do chamado “dinheiro programável” também está no escopo do Real Digital. Ainda não está evidenciado o uso desta possibilidade, mas uma nova forma de fazer política monetária será possível. Ao invés de juros negativos, para estimular o consumo, o Banco Central poderá emitir moeda com data de validade, de maneira a acelerar os gastos em determinados períodos. Novos instrumentos monetários de incentivo ao consumo ou redução da inflação estarão disponíveis.
A implementação do Real Digital deverá ocorrer em 2 ou 3 anos. Sem dúvida, estamos descortinando novas possibilidades econômicas e buscando meios de prover maior eficiência ao nosso sistema financeiro.
Grande abraço e até a próxima semana!
*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.