É preciso falar de Pedro Augusto. Na verdade, da força mental do jogador. Destaque na vitória histórica contra o Boca Juniors-ARG pela Copa Sul-Americana e melhor em campo no empate com o Bragantino pela Série A, o atleta de 27 anos atenuou uma cruz eterna que carrega junto do torcedor do Fortaleza.
A prova é de resiliência. Vilão na perda do título da Sula em 2023 ao desperdiçar um pênalti decisivo contra a LDU, no Uruguai, o meio-campo entrou na história do clube de forma negativa. Um mártir.
A frustração se transformou em ódio e definiu um alvo: Pedro Augusto. O camisa 28 virou o símbolo da dor do Fortaleza, de tudo que deveria ser esquecido. E a penalidade externou todo esse fracasso.
Do dia 28 de outubro de 2023 até hoje, a sensação é de que se vive uma pena perpétua. Com críticas, pedidos para deixar o clube e até vaias - a ponto de Vojvoda preservá-lo em alguns jogos de 2023 ao evitar escalações na Arena Castelão. Diante de tudo isso, Pedro Augusto só trabalhou.
Em silêncio, o mineiro só treinou e esperou outra oportunidade. Não há registros de discussões, brigas ou mesmo xingamentos em redes sociais. Não há sequer uma entrevista de rebate ou pronunciamento. De fato, a única resposta foi seguir no Pici e se doar mais para a comissão técnica.
Assim, passados seis meses, o espírito e a vontade de ser útil prevaleceram. Nas últimas partidas, o volante foi aplaudido e até se reinventou como zagueiro, sendo titular no esquema 3-5-2.
Para muitos, a pena ainda está longe de prescrever. Para Pedro Augusto, pode ser o começo de uma redenção.