Racismo no Brasil é uma luta histórica e contemporânea

Há algum tempo, no Brasil, a elite branca e banhada em meritocracia tentava esconder a existência do racismo em nosso país, exaltando que éramos todos iguais e não havia diferença de cor. Mas, seria mesmo essa a realidade? Numa pesquisa rápida, percebíamos, até hoje percebemos, que o poder e a riqueza estavam concentrados nas mãos daqueles de pele clara, os quais tentavam defender a ideia da inexistência do racismo no Brasil.

Vale ressaltar que o primeiro ato racista é tentar ocultar os preconceitos racializados enraizados na nossa sociedade, buscando extirpar a ideia de que os negros necessitavam de algum tipo de políticas públicas reparatórias. Seria necessário combater aquilo que não existe? Teríamos que criar políticas públicas se o preconceito não existisse no Brasil? Essa era a ideia para tentar continuar praticando atos discriminatórios, deixando os negros na condição de subalternidade, como no terrível período escravocrata.

Assim, nas palavras de Silvio Almeida: “O racismo não é um ato ou um conjunto de atos e tampouco se resume a um fenômeno restrito às práticas institucionais; é, sobretudo, um processo histórico e político em que as condições de subalternidade ou de privilégio de sujeitos racializados são estruturalmente reproduzidas.”

O racismo não é uma luta apenas dos negros; deve ser uma luta ainda maior das pessoas brancas que foram e são as privilegiadas pela meritocracia racial. É essencial reconhecer que ele não se manifesta apenas em ações explícitas, mas também em microagressões cotidianas que passam despercebidas por muitos. Comentários aparentemente inofensivos, piadas de mau gosto e estereótipos reforçados pela mídia contribuem para perpetuar a desigualdade racial. A conscientização sobre essas formas sutis de discriminação é crucial para criar uma sociedade mais justa e igualitária.

É necessário promover um currículo escolar que valorize a história e a cultura afro-brasileira, destacando as contribuições dos negros na formação do país. Através da educação, é possível desconstruir preconceitos e formar gerações futuras mais conscientes e engajadas na promoção da igualdade racial. Não basta não ser racista, temos que ser antirracistas!

Paulo do Vale é presidente da Comissão de Promoção da Igualdade Racial da OAB-CE