Vendas em alta, custo de produção elevado e inflação: veja os impactos da onda de calor na economia

Onda de calor que atinge o Brasil traz à pauta os prejuízos da crise climática na economia

A onda de calor que atinge o País reflete diversos setores da economia, mas de diferentes maneiras e prazos . Enquanto o comércio observa o crescimento na venda de ar-condicionado e de ventilador, a construção civil, os serviços e o agronegócio podem amargar prejuízos. Além disso, a emergência climática pode ser ainda mais dura para países em desenvolvimento, como o Brasil. 

Abaixo, entenda os quatro principais impactos dessa crise climática nas atividades econômicas. 

Alimentação fora do lar e comércio aquecidos

Venda de eletrodomésticos, chás gelados e sorvetes. A busca por esses itens para aliviar o calorão impulsiona o varejo e a alimentação fora do lar. Segundo o presidente do Sindicato do Comércio Lojista de Fortaleza (Sindilojas), Cid Alves, está sendo feito levantamento local sobre a tendência de crescimento nas comercializações de ar-condicionado e ventilador. A expectativa é um aumento até março. 

O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Fortaleza (CDL), Assis Cavalcante, já nota alta da demanda, sendo o ventilador simples o mais procurado nas lojas do Centro da cidade. 

Segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), nas últimas semanas, diante da onda de calor que se instalou no Brasil, a busca por esses produtos cresceu significativamente sobre o período homólogo. Em novembro, por exemplo, a busca por aparelhos de ar condicionado avançou 59% sobre o mesmo mês de 2022. 

A procura por circuladores de ar cresceu 4%. No caso de ventiladores, o mesmo comparativo apontou queda de 7%, no entanto, os comparativos anuais nos meses de setembro e outubro revelaram variações de 122% e 39%, respectivamente. 

Setores que podem ser afetados negativamente e a inflação

O professor universitário e conselheiro do Conselho Regional de Economia (Corecon), Wandemberg Almeida, explica que a crise climática pode comprometer as empresas mais expostas ao sol, como construção civil, com a redução da carga horária do trabalhador.

"Os serviços e as finanças ficam menos produtivos, além da agricultura enfrentar mais dificuldade de plantação, aumentando seu custo em razão de mais áreas irrigadas", exemplifica, acrescentando que os efeitos do calor sobre o encarecimento da produção também podem pressionar a inflação dos alimentos.  

Para Wandemberg, outro possível efeito está relacionado ao segmento da educação, com alunos mais impacientes, estressados e obtendo resultados negativos, sobretudo em períodos de fim de ano letivo. Os impactos negativos nesse setor podem reverberar em vários outros, incluindo o mercado de trabalho.

Aumento do consumo de energia e acionamento das térmicas

O economista acrescenta que a onda de calor provoca a elevação do consumo de energia, podendo sobrecarregar o sistema de energia elétrica.

“Isso pode custar caro para a economia, fazendo com que o governo utilize as termelétricas para atender à demanda, como não existe migração total da energia eólica e solar e ainda são utilizadas as hidrelétricas”, pondera.

O acionamento das térmicas— fontes de geração mais caras — pode pressionar o aumento de custo do serviço. "Isso também mexe com o bolso do consumidor", frisa. 

PIB pode ser impacto no longo prazo

“Todas essas consequências têm um efeito dominó, prejudicado o Produto Interno Bruto (PIB), influenciando nossa economia. Então, vai muito além de vender mais ar e ventilador, o consumidor acaba sendo afetado e toda a roda da economia acaba não girando”, destaca o economista. 

VEJA DICAS DE COMO ECONOMIZAR ENERGIA

Ar-condicionado

Esse equipamento é considerado atualmente o grande vilão do consumo de energia, principalmente nos períodos mais quentes, por ficar ligado por muitas horas.

  • Ao utilizar os equipamentos, a recomendação é fechar as janelas e portas para evitar que o aparelho use mais o motor para gelar o ambiente; 
  • Evite usar o ar-condicionado em temperaturas muito baixas, como 18ºC. Essa temperatura pode nunca ser alcançada pelo equipamento e fazê-lo funcionar em potência máxima o tempo todo, gastando muita energia. Temperaturas próximas à 24ºC já podem dar o conforto térmico adequado ao ambiente;
  • Desligue o aparelho se for ficar ausente do ambiente por um período superior a 1 hora;
  • Lembre-se de limpar o filtro com frequência e fazer a limpeza das grades condensadora e evaporadora dos equipamentos;
  • De preferência aos equipamentos com selo PROCEL categoria “A”, que são os mais econômicos do mercado;
  • Ao comprar o equipamento, dê preferência aos modelos com a tecnologia inverter, que podem trazer uma economia de até 40% em relação aos modelos tradicionais;
  • Adquira modelos com a capacidade adequada ao tamanho do ambiente. Consulte um técnico para escolher o modelo mais adequado para o local onde será instalado;
  • Ao instalar, evite a incidência direta de sol no aparelho para não forçar o uso do motor e aumentar o consumo de energia.

Iluminação

  • Aproveite a luz natural e abra as janelas e cortinas durante o dia, melhorando a ventilação do ambiente e diminuindo o uso de lâmpadas;
  • Para paredes e tetos, dê preferência às cores claras, que refletem melhor a luminosidade;
  • Troque lâmpadas incandescentes por fluorescentes ou LED, que consomem de 60% a 80% menos energia;  
  • Outra vantagem da lâmpada LED é a de esquentar menos o ambiente, o que reduz o uso de sistemas de refrigeração para o controle de temperatura.

Geladeiras

  • Não abra a porta sem necessidade e, caso abra, não deixe a porta aberta por muito tempo;
  • Verifique se a borracha de vedação da porta está cumprindo sua função. Problemas na vedação aumentam o consumo de energia, uma vez que a porta não está fechando de forma correta;
  • Faça a limpeza periódica da grade de troca de calor na parte traseira da geladeira, sempre com o equipamento desligado e seguindo as recomendações do fabricante. Com o passar do tempo essa grade pode acumular gordura e sujeira e dificultar a troca de calor, aumentando o consumo de energia;
  • Nunca utilize a parte traseira do equipamento para secar roupas ou sapatos.

Máquinas de lavar e secar

  • Para otimizar o consumo de energia, utilize a capacidade máxima das máquinas de lavar e secar;
  • Nas máquinas de lavar, fique alerta à quantidade de sabão, evitando repetir a operação de enxágue;
  • Para os equipamentos com a função água aquecida, a distribuidora recomenda não usar esse recurso;
  • Nos dias mais quentes, seque, de preferência, as roupas em um varal, aproveitando o calor para diminuir o uso das secadoras. Utilize as secadoras apenas quando realmente for necessário.

TVs e computadores  

  • Evite deixar a TV ligada se ninguém estiver assistindo;
  • Programe o desligamento automático para evitar que o equipamento fique ligado durante a madrugada;
  • No caso do computador, desligue o aparelho sempre que ficar mais de 2 horas sem utilização; e o monitor, a partir de 15 minutos.

Stand-by

  • Desligue ou tire da tomada os eletrodomésticos que não estiverem em uso;
  • Evite deixar os aparelhos em modo stand-by, que segue consumindo energia.

Fuga de energia:

  • Instalações elétricas antigas ou defeituosas podem causar fuga de energia. É importante sempre contar com a avaliação de um eletricista de sua confiança, para garantir o bom funcionamento da rede interna;
  • Não deixe fios expostos nos telhados, paredes e jardins. Além do risco de choque elétrico, eles são mais suscetíveis às fugas de energia.