Diante dos impactos negativos causados pela paralisação da atividade econômica por conta do coronavírus, entidades do setor produtivo cearense (comércio, indústria e agropecuária), pleiteiam o retorno gradual do funcionamento das empresas já nos próximos dias. Porém, o secretário de Desenvolvimento Econômico e Trabalho do Estado, Maia Júnior, pondera ser preciso seguir um protocolo para garantir a segurança da população antes de retomar as atividades.
"Entre 67% a 70% das atividades que compõem a economia cearense estão livres para produzir. Quase todos os dias o Governo libera decretos para mitigar esses efeitos", aponta o secretário.
"Há uma sequência de etapas a serem cumpridas, como um protocolo. O Governo está liberando medidas para a Saúde, no sentido de minimizar o sofrimento da população, está cuidando de medidas para beneficiar os mais pobres, as micro e pequenas empresas. Quando chegar no achatamento dessa curva (de casos de infectados), o restante também será liberado e vai ter um plano de recuperação".
Integrantes do "Comitê de Crise", criado pelo Governo Estadual, a Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Ceará (Fecomércio-CE), da Câmara de Dirigentes Lojistas de Fortaleza (CDL), e da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (Faec) apresentaram ao governador Camilo Santana proposta de "mini-mização dos efeitos devastadores ocasionados nas empresas cearenses com as medidas de contenção adotadas".
Para o presidente da Fecomércio-CE, Maurício Filizola, o ideal seria que as empresas retomassem as atividades a partir da próxima semana, com menor utilização do quadro de funcionários e preservação de pessoas com mais idade. "É necessário realmente a volta da normalidade aos poucos. É claro que a gente tem que estar atento às normativas da saúde pública. É claro que com uma proteção para as pessoas acima de 60 anos, para aquelas que têm doenças já mais avançadas, para que a gente proteja essa população que possa sofrer mais com o coronavírus, mas o restante a gente tem que ir aos poucos normalizando", diz.
O presidente da Fecomércio-CE avalia que, num primeiro momento, seria possível realizar uma alternância entre funcionários dentro das empresas, com cerca de 50% do efetivo. "Assim, aos poucos, a gente vai atendendo à população, porque não podemos parar o País", disse.
"Há uma preocupação muito grande com a questão da manutenção dos empregos. Principalmente, porque o nosso mercado (comércio e serviços) é composto por micro e pequenas empresas. E, para honrar com os compromissos com folha de pagamento, fornecedores e impostos, é necessária a comercialização de produtos e de serviços".
Já o presidente da Faec, Flávio Saboya, destaca que a suspensão temporária do transporte intermunicipal fez com que a entidade interrompesse as ações de capacitação do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e que, na segunda-feira (30), uma reunião avaliará o possível retorno das atividades.
Medidas
Dentre as medidas já adotadas para amenizar os efeitos das paralisações, Filizola diz que o adiamento das obrigações tributárias ajuda, mas não resolve o problema das empresas. "Neste momento, as empresas não estão faturando e, se não faturam, elas não têm imposto a pagar. Além disso, há o compromisso com os colaboradores, que é muito importante honrar", disse.
No documento, os presidentes das entidades afirmam que têm "a convicção de que, o alinhamento da defesa intransigente que fazemos de nossas categorias e a sensibilidade e serenidade com que o governador Camilo Santana tem tratado essa questão do novo coronavírus, resultarão em notícias promissoras para os empresários e empresárias cearenses a partir do fim da presente semana". Uma nova reunião das entidades será realizada até sexta-feira (27).
O decreto estadual que determinou o fechamento de estabelecimentos comerciais está previsto para ser encerrado no domingo (29), mas pode ser prorrogado. Segundo Maia, ainda não há decisão sobre essa questão.